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Este assunto é controverso porque nasceu dos milhares de relatos que compilei nesses mais de 25 anos de consultoria. Vou direto ao ponto.

O QUE ERA!

Como eram as coisas no passado. Por exemplo, quais eram as diferenças entre líder, chefe e gerente. Para exemplificar, podemos dizer que José era líder quando jogávamos futebol, as pessoas o seguiam porque acreditavam nele; Maurício era chefe e tomava conta de quinze pessoas - põe isto aqui, tire aquilo de lá, você está atrasado, faça assim faça assado, etc.-; Augusto era gerente, pois não tinha tarefas para executar, seu trabalho consistia em pensar e converter estratégias, formas e maneiras de manter o negócio e melhorá-lo. 

Perceberam a diferença?

Pois é! Antigamente esta era a verdade, que hoje em dia não funciona mais.

E por que não funciona?

Não funciona por conta da mentalidade e de novos conceitos introduzidos nas empresas. Hoje, o foco é a estratégia, no aprimoramento constante, o valor agregado. Enfim, cada departamento é uma unidade de negócio dentro da estrutura geral. Mesmo que um departamento seja atividade (meio) ele deverá agir como unidade de negócio, uma vez que os outros departamentos são seus clientes diretos. Se começarmos a pensar nisto, veremos que as funções dos departamentos e dos seus lideres ganharão nova roupagem.

 O QUE DEVERIA SER!

O líder, por exemplo, deverá não só acompanhar os movimentos do grupo, como também criar métodos de conduta e de trabalho que tenham por filosofia a “melhoria constante”. Ou seja, ele deve perseguir a excelência e encontrar meios tangíveis para contagiar o grupo e incentivá-lo a ampliar sua visão da empresa e dos negócios. Este colaborador deve ter a visão clara de seu papel no contexto maior da empresa. Somente assim ganhará em importância e seus esforços serão compensados. Ele será força impulsionadora do crescimento da empresa. A força de um líder provém principalmente da imagem que ele projeta, do seu caráter, sua personalidade, seus valores e premissas. São estas qualidades que servirão de padrão e referências para o grupo. Para o líder profissional de outrora, bastava uma boa dose de confiança - as pessoas o seguiam! Hoje ele precisa necessariamente se tornar um ícone e ter conhecimentos. A sua imagem pessoal tem que fluir de tal maneira que ninguém possa colocar sua conduta em xeque. O líder surge naturalmente, é produto de sua personalidade e lidera em circunstâncias nas quais pode exercer a sua liderança. Além da competência, são as circunstâncias que determinam quem lidera. José é líder no campo de futebol, mas por entender pouco de informática, de nada lhe adianta ter um caráter admirável, ele não será um líder no setor, pois não domina o assunto. Há uma diferença fundamental entre o líder social e o líder profissional. O líder social é seguido porque é admirado, ponto! A admiração, neste caso, não provém de sua competência profissional, mas da sua personalidade, de seus atributos pessoais, que também inclui o profissional, mas não necessariamente. Liderança profissional, em qualquer atividade, implica, necessariamente, no conhecimento da profissão. A pessoa precisa ser competente. Não precisa ser melhor que os outros, mas se for admirado e reconhecer as qualidades profissionais das outras pessoas, será reconhecido e seguido. É assim que as coisas acontecem e desde sempre.

O chefe deve agir como administrador tem que ir além do operacional, analisar a gestão como um todo. Ele deve desenvolver uma visão estratégica da empresa sem esquecer suas particularidades, seus meandros. Somente assim saberá estabelecer prioridades. Espera-se de um grande chefe que ele tenha a capacidade de fazer o grupo entender que o seu papel está ligado aos objetivos da empresa, à sobrevivência dela. Deve interagir junto aos seus pares para levantar informações, avaliar suas necessidades e o grau de satisfação de quem recebe seu seus serviços. Ser um agente modificador das condutas de seus subordinados, incentivando-os a se aprimorarem, desenvolverem espírito de grupo, entenderem todas as fases do processo de trabalho, exporem suas ideias, serem criativos, mais participativos e responsáveis.

O gerente deve se colocar no lugar do empresário, lutar pela sobrevivência e melhoria da empresa, disputar posições no mercado, guerrear no bom sentido. Abandonar a visão feudalista do passado, entregar-se ao estratégico. Interagir com os demais abrindo mão de posições pessoais, egos e vaidades, para, efetivamente, comungar com eles repartindo propósitos, sucessos e fracassos.

 O QUE É!

As empresas correm atrás de lideres. É isto que se ouve, esta é a intenção (quase uma volúpia). Não é, contudo, o que acontece, o que se faz! O ideal da administração moderna é focar a estratégia, o aprimoramento constante dos processos, o valor agregado, operar de modo que cada unidade seja conduzida por um líder. Ideal que fez a demanda por lideres aumentar, pelo menos em tese. Apenas em tese! Pois ao invés de anunciarem: gerente, chefe, coordenador ou executivo disto e daquilo, deveria ser anunciado: “LIDER com conhecimentos tais e quais para coordenar unidade Y”.

Como vemos a característica de liderança deveria vir em primeiro lugar, os conhecimentos depois, as demais exigências num terceiro plano. Mas se dá o contrário: procura-se engenheiro, economista, técnico ou administrador formado e com pós-graduação, cinco anos de experiência na linha de produto K, fluente em inglês, com pleno domínio de informática, jovem, ambicioso, que resida perto do trabalho, que trabalhe sob pressão (significa dizer amém para metas descabidas, aguente desaforos, etc.), que goste de desafios e tenha espírito de liderança. A liderança fica entre os requisitos de menor importância. Logo, a maioria dos LIDERES e candidatos ao posto são descartados em função de exigências anteriores. 

O chefe, chefiar não é liderar. Chefiar é controlar, mandar, supervisionar o dia-a-dia, fazer com que os subordinados executem as tarefas para as quais eles foram contratados e são pagos. Para isto é preciso duas coisas. Primeiro, conhecer a atividade a ser controlada, pois não se controla o que não se conhece. Segundo, é preciso ter autoridade. Só tem autoridade quem detém poderes sobre a autoria. No caso de empresas, o autor é o dono do negócio. Somente ele pode dispor das coisas no seu negócio, ninguém mais. É um privilégio da propriedade privada, do capitalismo, do sistema vigente e o chefe é a pessoa que o dono nomeia e faz saber a todos que confia nele, que suas ordens devem ser obedecidas. O chefe contrata os funcionários, estabelece a disciplina (educada e reservadamente, é claro), premia e despede quem não colaborar. Se não tiver esta autoridade, não é chefe.

Atualmente as empresas matam os chefes, não dão autoridade a eles, querem que o chefe se imponha moralmente, seja seguido como um líder. E como a maioria não tem esta faculdade e/ou habilidade, acabará sendo contestado, ficará na corda bamba, situação complicada e avessa ao bom andamento de qualquer atividade. Um chefe assim é uma pessoa de confiança, mas não muito, pois não decide nada. E já que ninguém decide nada, o setor acaba virando um palco de disputas de egos.

O gerente, Fala-se muito e não se gerencia nada. Não tenho visto gerentes em lugar algum, mas gente ostentando títulos. Gerente, a própria palavra diz, é o que gera coisas. Nas empresas coisas são produtos, serviços, seus complementos e coadjuvantes. Gerar é criar. Um gerente de negócios deve criar negócios e, no entanto agem mais como “vendedores especiais” que atendem grandes contas ou perdem valoroso tempo em conferencias de pedidos e aprovações. Deveriam sim se debruçar em extrair do mercado oportunidades, informações e potencial. Gerente administrativo deve gerar métodos de trabalho mais eficazes de contabilização das operações, dos custos, dos estoques, das vendas, das despesas e seus controles. A maioria dos gerentes distribui seu tempo da seguinte forma: 90% do tempo conferindo os que os outros fizeram 5% assinando autorizações e 5% distribuindo e cobrando serviços, não criam nada. Não se interessam por métodos e processos administrativos. Gerente financeiro deve criar oportunidades para comprar e emprestar dinheiro e de vender o dinheiro ao vender os produtos e serviços. Para criar oportunidade de comprar ele precisa pesquisar constantemente o mercado fornecedor de dinheiro e tornar a empresa dele um comprador interessante. Para vender, precisa pesquisar o mercado comprador de mercadorias e serviços para vender bem o financiamento do capital investido nas vendas. Ao invés disto, limita-se a fazer contatos com bancos, fazendo relações públicas com os gerentes de bancos como se eles fizessem favores (quando apenas querem garantias), e fazendo o papel de caixa, conferindo documentos e os assinando, conferindo requisições para filtrar os gastos internos. Na verdade, não passam de caixas, cuja maior virtude é ser pessoa na qual o dono da empresa confie. Poderiam ser chamados de Caixas executivos empresariais e não gerentes, pois quando precisam fazer um projeto e justificá-lo junto a órgãos financiadores, para obter recursos, não sabem, recorrem e pagam um consultor. Se eu fosse me estender no assunto poderia falar de cada área, porém isso não traria maiores esclarecimentos dos que os já apontados aqui.

A maioria dos gerentes chega nessa posição sem na verdade merecê-la, são guindados aos postos sem o menor preparo, e uma vez lá colocam em prática ações que nascem principalmente de “iluminada crença” de que o “poder da caneta” é o bastante para serem respeitados. São normalmente pessoas fechadas em seu egocentrismo, péssimos comunicadores, não sabem orientar, não sabem ensinar, não sabem nem ser amáveis, enfim acabam encastelados em seu mundinho “cor de rosa”. Estou sendo até condescendente, porque os relatos que tenho recebido dão conta de coisas bem mais graves. Mas de todas as características a que mais aparece é a falta de CONFIANÇA. Os gerentes não conseguem passar aos seus subordinados a confiança necessária de modo que eles possam acreditar e segui-lo.

O desempenho de um departamento dependerá obviamente dos gestores, da competência individual de gerir. Para isto acontecer é necessário que o grupo esteja engajado, senão a sabotagem, o “corpo mole”, a má vontade e outras intempéries irão aflorar e meta alguma jamais será alcançada. A solução mais comum em casos assim é a troca dos funcionários subalternos, pois logicamente, gerentes não costumam assumir culpas, e neste processo de troca vão-se anos e mais anos, até que num certo dia o ACASO acabe revele a verdadeira face do mau gerente e ele finalmente seja trocado. E será muita sorte se a empresa não contratar outro igual. 

 Assim seguem as empresas de martírio em martírio, sempre sonhando com a pessoa certa. Ela existe? Sim existe! E pode, de preferência, ser desenvolvido dentro da própria casa. Conhecer a empresa é vital. Processo que exige responsabilidade, a começar pela escolha do candidato, pois se for via “politicagem” gerará revolta. Bons profissionais não nascem prontos, eles precisam de tempo, instrução, treinamento constante, avaliações e apoio da direção. Não sendo assim...

Como sempre, gosto de afirmar que nestes textos não me proponho a criar verdades, nem tampouco desenhar um tratado sobre conduta empresarial. A ideia é simplesmente levar o leitor a refletir sobre um ângulo diferente, para entretê-lo e fazê-lo meditar. Só isto, nada mais!


Em 1989, um amigo meu saiu na capa de uma revista, uma foto espetacular! Elogiei o fato e a foto, pois ele merecia. Era criativo, ousado, tinha lançado inúmeros produtos, realizado bons negócios. Ele riu e disse: tive que pagar. Eu mesmo cuidei da produção da foto. Ficou boa, né! Comecei a prestar mais atenção nas publicações sobre donos de empresas e executivos.


Durante trinta anos, precisei conhecer e acompanhar as empresas, pois, como fornecedor e negociador, preciso analisar os balanços das empresas, seus recursos, sua situação no mercado, etc. Tempo suficiente para que vários executivos, donos e/ou diretores, fossem capas de revistas e ganhassem elogios nas páginas internas de veículos de grande circulação. Muitos foram premiados em virtude da excelência de seus feitos e suas gestões, mas é lamentável ter que lhes dizer que uma coisa não bate com a outra. É contraditório.

O sujeito é distinguido e premiado por sua visão de negócios, mas a sua empresa vai mal. Algum tempos depois, a empresa desanda e às vezes até entra em concordada e ninguém mais toca no assunto. Há casos de sujeitos que tocaram mal diferentes empresas e foram sucessivamente premiados.  

O exemplo do meu amigo foi uma exceção. Ele era vaidoso e não lhe bastava se sair bem nos negócios, queria ser destacado pela mídia e arranjou um jeito de satisfazer o ego. A maioria das revistas não vendem suas capas, nem matérias. Em geral, os jornalistas, redatores e editores, são ciosos de suas responsabilidades e publicações, tem convicções, assumem posições. Quem trabalha em publicidade, sabe disto. Então, por que acontece?

Acontece porque nenhum dono de empresa, diretor ou gerente irá comentar e tornar público que acabou de fazer um mau negócio, que seu produto tem problemas, que está sem capital de giro, que a empresa está em situação difícil. Na pior das situações, ele encontrará estratégias e palavras para convencer você e o público do contrário. Não poderia ser diferente. Por esta razão, não acredite no que é publicado sobre empresas e negócios. Nenhuma pesquisa sobre negócios, onde o respondente é o próprio dono ou gerente do negócio, será isenta. Jamais será.

Considere a seção de economia e de negócios um entretenimento. Seja prudente. Outra razão é que informação é uma coisa e notícia é outra. Os jornalistas não vivem de informação, mas de notícias. Jornalismo não combina com poesia e vice-versa, não combina com transparência, mas com reflexão de espelho. Não combina com honestidade, mas com ilusão. O Rubens Alves, jornalista e psicanalista, até assume que não lê jornais, só passa os olhos pelas notícias: “preciso ter uma ideia não do que está acontecendo, mas do que é notícia. O que está acontecendo e o que está sendo notícia não é a mesma coisa. Notícia vem de notar e o “notar” varia de corpo para corpo. Urubu não nota madressilva, Beija-flor não nota carniça. Jornal de beija-flor é diferente de jornal de urubu”.

Também não acredite em informações comerciais, não importa a fonte. Quando uma empresa quer vender para um credor meu, e ele está em dificuldades, eu dou boas informações dele, pois se ele tiver crédito eu terei chances de receber o que ele me deve. Quando trabalhei na SERASA, todo ano cotejávamos as nossas análises e recomendações. Pegávamos, uma a uma, as empresas que não haviam honrado seus débitos e as que haviam quebrado para examinar seus processos (os balanços e as informações comerciais) e o que havíamos escrito sobre elas para os bancos e empresas clientes. As informações comerciais eram boas, os balanços ruins, mas como a nossa análise era apoiada no histórico dos balanços e não nas informações de terceiros, nunca erramos.  


Este ponto de vista nasceu de um encontro entre velhos, amigos, consultores que há muito não se viam. A soma da idade do grupo é de quase dois séculos, uma experiência a ser considerada. Como sempre, falamos de tudo. E como não poderia deixar de ser, o assunto empresa entrou na pauta. Entre diversas abordagens, analises e opiniões a respeito de como as empresas são dirigidas, aquela na qual mais nos detivemos foi a da competência profissional.

Mas o que é ser competente? Ao longo do tempo esta palavra ganhou outros prismas. Outrora, o sujeito competente era funcionário que cumpria a contento suas funções. Um pouco mais adiante, o competente passou a ser a pessoa possuidora de “um algo a mais”. Recentemente, o competente passou a ser aquele que detém alto grau de instrução, um diploma de faculdade, por exemplo, pois imaginava se que diplomas eram diferenciais capazes de trazer resultados. O que dizer de hoje, uma vez que grande maioria dos profissionais tem mais de um diploma? Alguns com MBA, Pós-graduações e Mestrados. Começa a se tornar comum gente com doutorado! Diante deste novo quadro, podemos dizer que agora as empresas terão a tão almejada competência em seus quadros funcionais!  Será verdade? Ou não?

Muito já se falou sobre o que é ser competente e também das características básicas que definem esse tipo de pessoa; as mais conhecidas são: saber se relacionar, capacidade de trabalhar em equipe, liderança, ser empreendedor ,  ser focado,  traçar objetivos, assumir riscos, etc. Eu poderia escrever  páginas descrevendo outras características do profissional competente. Por ora, vale-me apenas dizer que competente é a pessoa que alia seu conhecimento a sua capacidade de transformar as coisas, incansável na busca do próprio aprimoramento. 

Baseado em minha experiência, gostaria de submeter ao leitor a seguinte visão: o competente é desejado por todos, isto é certo, porém quando o encontram tratam de matá-lo e logo! Por que agem dessa maneira? Porque o competente incomoda. Ele, por sua natureza, seguirá seu curso, que é ir em frente abrindo caminhos, desnudando a estrutura ao seu redor. Desta forma, irá expor seus pares, colocará a chefia em cheque, pois está acostumada a trabalhar a muito tempo desta ou daquela forma. É incontestável que, por essência, o ser humano tenda a se acomodar, razão pela qual as empresas priorizam a contratação de profissionais mais jovens. Acreditam, erroneamente, que os jovens, em função do vigor da idade, terão uma atitude mais firme.

Hoje, devido à globalização, as empresas tem urgência de resultados e de se ajustarem às mudanças, pois atuam em ambientes adversos e voláteis, exatamente onde o “competente” faz a diferença, pois ele não é motivado no resultado pelo resultado, mas, sim, pela paixão, pela necessidade de dar vazão à força criativa de sua personalidade, e que o movimenta.

Como dizia um velho amigo, o vagabundo nasce e assim segue pela vida não importa à idade de tenha, assim é com o preguiçoso, o folgado e tantos outros. Aplicando este conceito, posso concluir que as pessoas são o que são, pois cada qual tem a sua índole, e nada mudará o que elas são. Por isto, o competente não irá ficar muito tempo numa empresa e foi a partir deste raciocínio, desta análise, que nasceu o nosso “herói” o FICANTE.

Que figura é essa? É a do profissional que tratou de seguir a vida de forma cautelosa, correndo poucos riscos, “cumprindo tabela” no jogo empresarial.  Quando uso a expressão “jogo empresarial”, faço com a convicção de bater no âmago da questão, de desnudá-la, de pô-la a descoberto, de tirar-lhe, sem dó nem piedade, a aura mentirosa e dissimulada de “profissionalismo” criada em torno das organizações.   As empresas são formadas por pessoas, que são suscetíveis, por mais que digam o contrario, a toda sorte de sentimentos.

A maioria dos chefes jamais irá promover um funcionário que o desafiar, que afrontar ideias suas. O chefe que adentra na vida pessoal de seus funcionários irá protegê-los e não o fará por profissionalismo, mas sim como um ser humano comum que cria seu circulo social. Quando ouço ou leio entrevistas em que as pessoas afirmam de “boca cheia” que na minha empresa agimos de modo profissional, confesso sentir certo desconforto, pois sou refratário a esse tipo de comentário, sinto vontade de telefonar para o sujeito e dizer-lhe: se você quiser saber o quanto sua empresa é profissional, use um disfarce e se misture aos funcionários na “festinha” de fim de ano. Depois de umas boas doses de uísque, você irá ver os depoimentos sinceros dos funcionários a respeito do profissionalismo que você acredita ter em sua empresa.

A você, que está lendo esse artigo, cabe-me fazer a seguinte propositura: pare e pense por um minuto... Visualize os lugares onde já trabalhou e reflita: as pessoas que tinham postos de comando, realmente mereciam?  Fez-se justiça nas nomeações e na condução dos planos de carreira? Todos eram tratados de modo profissional?

Agora voltemos ao nosso “herói” o FICANTE. Ele talvez não seja essa figura distorcida e enevoada que pintei, talvez seja apenas um SOBREVIVENTE, que, por desequilíbrio de análise, tenha passado incólume pelo crivo organizacional. Seja como for, ele acaba ganhando espaço na medida em que os “competentes” abandonam o barco atrás de outras oportunidades e ele, por sua natureza comedida, vai herdando posições, a despeito de eventualmente não as merecer. Isto acaba acontecendo porque ele age de acordo com as regras e a cartilha da empresa. Quando não, o FICANTE é um politico hábil que sabe manobrar pessoas tirando proveito das circunstancias. Muitos dirão: o que tem isto de errado? Tudo! Afinal falamos em resultados e não em relacionamentos? É nesse ponto que as coisas convergem e se confundem. Como me reportei acima, as empresas são formadas por pessoas que chegam munidas de crenças próprias, valores, credos e toda sorte se emoções. Não há como desassociá-las de suas vidas e características. 

OBS.: uma das três pessoas que estavam no encontro relatado no inicio deste artigo foi meu velho amigo e companheiro de consultoria, treinamento e muitos artigos criados em parceria, Daniel Strutenskey de Macedo. Ao sair ontem do encontro, eu avisei o grupo, em especial ao Daniel, que iria redigir um artigo a respeito do FICANTE e ele, imediatamente, completou o texto aplicando outras qualidades ao FICANTE. Fez dele um profissional na arte de ficar na empresa, completando-o da seguinte forma:

O PROFISSIONAL FICANTE
Os moços agora ficam. Dão um tempo para a relação antes de assumir o namoro. Tempo em geral curto. Enquanto ficam, podem olhar outras pessoas e até ficar com elas nos intervalos. Trata-se de uma experiência sem compromisso, uma espécie de “degustação” de corpos e almas. 

O profissional ficante é figura de outro naipe, de outro baralho, melhor dito, pois é um empregado, tem propósitos completamente diferentes.  Detesta experimentar o novo, não se arrisca, é um medroso, mas, apesar destes defeitos, usa de inteligência para ficar. É o cara que consegue um emprego na empresa e vai ficando, não importa o que aconteça. Não ousa, não inventa, não cria, não arrisca nada. Puxa o saco, segue as regras...

Não as segue porque as considere justas e boas, mas porque que é conveniente ficar ao lado dos que as fizeram, os chefes, os patrões, não importa o que eles tenham feito, façam ou venham a fazer. Esta é a primeira estratégia do profissional ficante: nunca se arriscar e concordar sempre com o chefe, principalmente se o chefe for orgulhoso, teimoso ou burro. A lógica é a seguinte: o chefe orgulhoso precisa de plateia, exige a aprovação de todos, isto é inconsciente, ele pode até ser uma pessoa muito inteligente, mas se for ferido em seu orgulho, você já era! O chefe teimoso nunca dá o braço a torcer, logo, não adianta discutir com ele. O burro é burro, dificilmente a sua opinião coincidirá com a dele, melhor fingir que concorda. 

A segunda estratégia é a de sondar as ideias da chefia para concordar com elas, dar o seu apoio moral. Note bem, apoio apenas moral, pois as opiniões são perigosas. Só apoia, não sugere nada, não se compromete. Quem sugere é responsável pela sugestão dada. O profissional ficante apenas se compromete com as ideias que vem de cima e toma o cuidado de que está executando “o que a chefia mandou”. Caso não dê nada certo, consola o chefe, mantém seu apoio moral: “é chefia, fizemos tudo que era possível, estou às suas ordens para o que der e vier, conte comigo”. O chefe frustrado se sente aliviado e agradece, às vezes até enternecido, ao profissional ficante, que com estas atitudes começa a ganhar a confiança pessoal e emotiva dos patrões. Atentem para esta sutileza: a confiança pessoal é emotiva, é mais forte e mais eloquente para carreira do que a confiança técnica e profissional.

A terceira estratégia é evitar confrontos diretos com os colegas da empresa e parceiros. O profissional ficante age na moita, não discute frontalmente ainda que se ache coberto e recoberto de razões. Explora as discussões respeitando os pontos de fervura. Ficou quente, recua.  No momento oportuno, sutilmente, covardemente, entrega o colega. Aqueles que disputam os postos se esquentam, tomam partidos e se eliminam mutuamente. Veem que o ambiente ficou tenso e desfavorável e tratam de procurar oportunidades em outras empresas. Enquanto isto, ele vai ficando...

Algum tempo depois, a chefia se dá conta de que o profissional ficante é um funcionário estável, está há vários anos na empresa, conhece os costumes, as rotinas, nunca se coloca contra os superiores, e decide que pode contar com ele. Conhecer a empresa, a sua história e seus costumes é uma vantagem. Ser pessoa de confiança, uma vantagem imensa. Técnico, você contrata no mercado, pessoas que toleram situações adversas e chefes intoleráveis, não. Estas, só com o tempo e a convivência. E assim, devido à convivência de tolerância (fruto do medo da pessoa); da inexistência de problemas anteriores (a pessoa não ousou nada, não se arriscou) e da relação emocional de confiança (apoio moral à chefia), o profissional ficante é promovido.

Os psicólogos dizem que para existir o sádico é preciso que exista o masoquista.  Um não funciona sem o outro. O profissional ficante, uma vez promovido, se espelhará no seu chefe, agirá de modo semelhante, escolherá um subalterno ficante para usufruir uma relação sado-masoquista-ficante. Resumo da ópera: a maioria das empresas, clubes e associações acabam dirigidas por quem foi ficando e uma minoria é dirigida por pessoas de personalidade criativa.

As empresas que se nutrem da relação “sádico-masoquista-ficante” sobrevivem fazendo quase as mesmas coisas e fecham quando as condições de mercado mudam e a concorrência aperta. Observe! Preste atenção na história das empresas! Excluindo as que tiveram falta de capital, pois o dinheiro é um recurso muito caro no Brasil, elas fecharam porque lhes faltou ousadia e criatividade, não foram capazes de desenvolver novos produtos e serviços, foram apenas ficando, os donos cuidaram mais de seus bens pessoais. Quanto tempo a sua empresa ficará no mercado?

O que é personalidade criativa? É a personalidade que reúne estas qualidades: curiosidade (espírito de criança); flexibilidade (disposição de rever); ousadia (gostar de riscos, empreender); originalidade (ideias raras e relevantes); senso de humor; tolerância (aceitar o diferente, ruptura, empatia); visão descondicionada (duvidar, praticar a oposição e o ceticismo); autoestima (confiança, aceitação de sua diferenciação, segurança); fluência, rapidez mental; capacidade de realizar, perseverar, passar aos fatos
Sem duvida meu amigo Daniel deu um rosto ao FICANTE, criou-lhe a personalidade, o "modus operandi", suas características, enfim deu-lhe vida. Tudo foi meticulosamente colocado a fim de trazer a luz dos leitores esse tipo de figura que se esgueira pelos cantos das empresas.
Como sempre, gosto de afirmar que este texto não se propõe a criar verdades, nem tampouco desenhar um tratado sobre conduta empresarial, a ideia principal é simplesmente levar o leitor a refletir sobre um ângulo diferente a fim de ou entretê-lo ou de fazê-lo meditar. Só isso nada mais...


Meu posicionamento sobre o chefe é objetivo, pragmático, e refere-se à chefia de uma seção, de um setor de trabalho, de uma unidade qualquer. Não quer dizer outra coisa.
A palavra tem uma porção de significados e para conhecê-los basta consultar dicionários. Não é o caso, já defini sua extensão: apenas chefe de um setor, de um local de trabalho. Afinal, o comentário é sobre trabalho e profissão.  Nem todo chefe é um líder, nem todos tem competência. E mesmo que tenham não é suficiente, precisam de autoridade para decidir. Não me refiro à autoridade moral, mas empresarial: trabalho, produção, qualidade e condições versus salários mais benefícios.
A razão de eu achar que o chefe deve ter autoridade para admitir, impor disciplina, premiar e demitir, é simples. Na prática, as tarefas, em sua maioria, não são agradáveis, não é aquilo que as pessoas gostariam de estar fazendo. Fazem porque precisam do dinheiro, é necessário. O ideal é que trabalhássemos motivados, sempre. Mas isto não tem sido possível e não é preciso explicar as razões. Quando queremos emagrecer, economizar e outras coisas que dependem apenas de nós, escolhemos métodos, fazemos roteiros e até traçamos metas. Algum tempo depois, começamos afrouxar e às vezes desistimos do que almejávamos e foi planejado por nós mesmos. É uma reação natural. Todos nós fazemos isto, só mudam os motivos e as circunstâncias. Todo trabalho exige esforço. A palavra esforço explica tudo. A gente tem que forçar a si mesmo.
O trabalho repetitivo, continuado exige um esforço maior, maior empenho, maior disciplina para ser realizado. A maioria das funções exige repetição. Se for esforço físico, cansa a musculatura; se for mental, cansa a mente. É absolutamente natural que as pessoas tentem se desvencilhar do trabalho para se pouparem. É instintivo!
Nas empresas, a produção depende de uma porção de fatores, mas em condições semelhantes, vence a empresa que utilizar melhor a sua força de trabalho. Reparem na expressão: força de trabalho. Não é o óbvio? Se o trabalho for intelectual, pior ainda, pois é mais difícil de ser medido, de ser controlado.  Não é a toa que se diz que aquilo que não é medido não é administrado.
Não há razão para os funcionários se submeterem a uma disciplina e um controle que os obrigue a produzir mais, se o chefe não puder adverti-los, premiá-los e substituí-los.
Não sou adepto de chefões autoritários, malcriados. De modo algum. As empresas precisam e devem tornar público quais são as obrigações e os deveres dos funcionários e dos chefes, isto se esclarece na descrição de cargos e funções. O que elas não fazem! Não cumprem este dever de casa. Falam em profissionalismo, mas não definem as relações, não querem se comprometer. O dito pelo não dito facilita a vida de que quem não quer assumir responsabilidades e obrigações.
Além do exposto acima, é fundamental e saudável para as relações que todos saibam separar as obrigações e os deveres profissionais das obrigações e dos deveres civis. Esta é uma conquista a ser feita, é cultural.
As obrigações e os deveres profissionais referem-se aos contratos de trabalho, àquilo que é tratado pelas partes desde o inicio, e que pode ser retratado e negociado no curso das atividades. Se alguém for maltratado, a esfera é outra, pode ser uma questão ética, civil ou criminal. Se a empresa cultivar valores éticos e de cidadania, a pressão pelo esforço e a disciplina imposta pelo chefe ficará restrita ao que foi profissionalmente negociado entre as partes.




Analistas do mundo todo falam do esgotamento dos modelos utilizados. EUA e muitos países da Europa não conseguem criar empregos para manter a população ocupada e com renda. Por consequência, os mais velhos, os mais jovens e as minorias étnicas são postas para fora do sistema. Nos EUA, somando-se os que não encontram emprego e os que desistiram de procurá-lo, são 23 milhões de pessoas. É muita gente! Grécia, Espanha e Portugal estão vivendo uma situação ainda pior. E o Brasil?

No Brasil usamos palavras diferentes para disfarçar o nosso desconforto, somos especialistas em lidar com o sofrimento e nos alimentar de esperanças. “Navegar não é preciso, mas nos confortar é preciso”. Nossos índices de desemprego são baixos porque a pesquisa que apura o desemprego considera desempregado aquele que está procurando emprego e não considera desempregado o sujeito que está fora do sistema. O contingente de brasileiros fora do sistema é grande, alcança 1/3 da população. Se descontarmos os idosos acima de 65 anos, as crianças e jovens abaixo de 16 anos, os incapacitados e os doentes, temos 20% de pessoas em condições de trabalho fora do sistema, além dos 6% de desempregados mencionados nos índices. A conta toda é de aproximadamente 30 milhões de pessoas. Sete milhões a mais que nos EUA, que tem 300 milhões de habitantes contra 200 milhões no Brasil. Além disto, não temos um seguro desemprego como o deles. 
A diferença a nosso favor, nosso lenitivo, é que muitos brasileiros estão acostumados a viver fora do sistema de renda há muito tempo. Vive-se com o sogro, com o cunhado, com a irmã, com o compadre, de favor na pensão, acomodado na obra, no barraco da obra, nas instituições de caridade e na rua. Os que vivem na rua e nos escandalizam é uma minoria. A família brasileira sempre acolheu os seus, pois não havia outro jeito! Nos países onde a maioria foi incorporada ao sistema de emprego e renda e tem o seguro desemprego, várias gerações não precisaram praticar a mesma tolerância e solidariedade.  Agora terão que reaprender.
Outra diferença é que depois de se acostumarem com um nível de vida melhor, as pessoas não se acomodam mais e reagem. Se os EUA não conseguirem uma solução, Wall Street será invadida pelos que ficaram fora do sistema. Não acredito que Portugal e Espanha reajam da mesma forma. Se surgir algum modelo novo, será nos EUA. Este é o meu palpite. Se eles conseguirem dar um jeitinho, meia boca, os modelos ainda permanecerão do mesmo jeito por algum tempo.


Se acreditamos em algo, por princípio, e agimos em desacordo com o que a nossa consciência recomenda, há um colapso de identidade, pois nos traímos. É assim que a sociedade está se sentindo: traída, suja, enxovalhada. Deveríamos reagir, mas não estamos. Apenas criticamos. Repetimos a mídia em coro sem sair do nosso conforto. Tememos as mudanças. Para mudar é preciso quebrar os cristais da conveniência, as taças da omissão, os cálices do orgulho, as travessas de medos e uma porção de outras peças.

Liberdade, igualdade, fraternidade! Estes princípios estão dormindo. Foram exortados em 1789, iluminaram a independência dos EUA, os lideres da nossa Inconfidência e, de alguma forma, aos tropeços, nos trouxe a república, um regime de cidadãos. Do inicio do século até os anos cinquenta, os moradores de São Paulo ainda se tratavam por cidadãos. “Hei cidadão, por favor, como chego à Praça Carlos Gomes?”.
Antes das repúblicas, éramos súditos. Não progredimos imediatamente, as condições não melhoram de uma hora pra outra, mas tratar e ser tratado por cidadão era uma afirmação de consciência, as pessoas sabiam como tínhamos chegado até ali e quais os motivos.
Não todas, claro, mas uma boa parte delas discutia política nos botecos do centro da cidade e nas vendas dos arrabaldes.

Nos anos 60 passamos a nos tratar de o “cara”, o “meu”, ô “etc”. As cinzas encobriram as brasas. Três décadas depois, em 1989, numa reunião de diretoria de uma multinacional, três diretores (não cito o nome para não constrangê-los), todos com diploma de nível superior, me perguntaram o que estava sendo comemorado, por que tanto estardalhaço? Não faziam a menor ideia de que comemorávamos o aniversário de 200 anos da Revolução Francesa, relembrávamos as lutas e os ideais de um momento consagrado à liberdade, um ideal que iluminara o mundo. 

Sei que apesar de não cultivarmos mais aqueles ideais, de vivermos o aqui e agora, o meu em primeiro lugar. Apesar disto e de não mais nos tratarmos por “cidadão”, vivemos melhor que antes. Não sou tolo de achar que antes fosse melhor. Não era, não foi! De alguma forma, inconscientemente, nós caminhamos, progredimos em todos os sentidos. Há algo em nós. Estamos nos sentindo envergonhados. Se assoprarmos um pouco mais, uma chama sairá debaixo das cinzas do individualismo.

Estamos indignados porque realizamos pouco. Caiu a ficha! Progredimos menos do que sonhamos alcançar. Esta a razão da nossa crise!  Os mais velhos dizem que pioramos, mas eles não comparam os fatos de ontem com os de hoje, mas com aquilo que sonharam. Os ideais, os sonhos de uma geração, principalmente os da juventude, nos marcam tão fortemente que acabamos achando que eles existiram. Esquecemo-nos de que apenas uma pequena parte dos nossos sonhos se converte em realidade.
Mudaram os tratamentos, mudou a gíria, mudaram os meios de comunicação, não mudou a índole humana!  Quebraremos os cristais novamente. Construiremos uma nova ordem. E melhor que esta. É só questão de tempo! 


O que é imagem? A pergunta foi feita pelo publicitário Justus ao selecionar três finalistas para serem estagiários em sua agência. Aconteceu na semana passada, em programa de TV conduzido pelo Justus. Os candidatos deram respostas semelhantes, de leigos, parecidas com as que encontramos nos dicionários em geral. O publicitário aceitou as respostas e, num gesto magnânimo, resolveu contratar os três. Não se deu ao trabalho de esclarecer o que é IMAGEM para a publicidade. A imagem ganhou importância após os anos 60, depois da Era do Produto, quando as campanhas se limitavam a dizer que a geladeira tinha 18 pés, o cigarro tinha filtro, o automóvel tinha 100 cavalos. Época consagrada aos atributos dos produtos. Ocorre que as fábricas evoluíram, a concorrência passou a ter marcas diferentes com produtos praticamente iguais. Não era possível distinguir uma marca de cigarro de outra, pois todas tinham fumos selecionados, king size, filtros, misturas e aromas. Como estabelecer uma diferença, como construir algo na mente do consumidor que o levasse a preferir a sua marca e não outra? Esta passou a ser a questão daquele momento.

A Marlboro saiu na frente. Produziu um filme no qual um cowboy se encontra num local distante, mas de grande beleza natural. Ele está sozinho, mas sente-se seguro, dono de si, acende seu cigarro com tranquilidade, contempla a natureza, revela um semblante de homem jovem, mas maduro, forte, realizado. Tudo que os jovens almejam ser. Os meninos admiram os cowboys heróis do cinema. Há um menino vivendo dentro de cada homem fumante. A admiração do menino que vive em nós emerge na personalidade do adulto.
Esta transferência, este desejo de ser forte, seguro e realizado, somados à admiração pela natureza, pela paisagem rural, formam um quadro fortemente emotivo que se associa à marca Marlboro e assim, deste modo, a campanha estabelece uma preferência. Para o marketing, para a publicidade, IMAGEM é a construção de uma história e de um cenário que envolva emocionalmente o consumidor de modo que ele a associe ao produto, à marca, e passe a preferi-lo. A partir da campanha da Marlboro, outras marcas investiram em campanhas de imagem, com estes ingredientes, que são caras, e a época foi denominada de Era da Imagem. Atualmente vivemos a Era do Diferencial competitivo, cujo conceito é outro. Consulte as Eras no dicionário de marketing.


Quem discrimina as pessoas por causa da idade, em geral justifica o seu procedimento com o argumento de que as pessoas mais velhas vivem no passado. O passado, neste caso, é sinônimo de atraso. “Precisamos renovar nossos quadros, contratar jovens, trazer novos ares, ideias novas”. Frases como estas são comuns em todos os lugares e a maioria das pessoas, efetivamente, pensa nesse sentido. Não podemos negar os fatos!  A sociedade é preconceituosa, as pessoas mais velhas são discriminadas.
É possível mudar isto?
Acredito que não conseguiremos tão cedo. A sociedade muda lentamente. Em 1982 Quando eu fiz 37 anos de idade eu era o funcionário mais velho da Moore, uma multinacional canadense com cinco fábricas e cerca de mil funcionários mensalistas, a maioria deles de nível médio para cima. A política da empresa, importada da matriz, era avançada e condenava o preconceito, orientava os dirigentes a protegerem os negros, os índios, as mulheres e os idosos. A nossa cultura prevaleceu. A orientação ficou apenas no papel. Curiosamente e contraditoriamente, todas as pessoas da empresa se consideravam esclarecidas e não preconceituosas. No entanto, eu era o mais velho, havia apenas uma mulher na chefia, mas subalterna do diretor de recursos humanos.  Tínhamos cerca de setecentos vendedores, nenhum deles era negro ou mulato. 
O preconceito e a discriminação emergem inconscientemente. As pessoas não tem noção de que estão discriminando. Buscam e encontram outras explicações para justificarem suas atitudes. Somente encaramos os fatos quando eles são contundentes e as denúncias são reconhecidas. Estamos condicionados a pensar de modo errado. É um condicionamento  de muitos séculos. Na  igreja católica, somente o homem pode ser sacerdote e a maioria deles é de descendência europeia. Na maçonaria, a mulher não tem vez e o mesmo ocorre na maioria dos clubes e associações civis.
A explicação para a discriminação da idade, palpite meu, é porque achamos que os velhos vivem no passado, que eles são fracos e ainda impertinentes, pensam que sabem tudo, querem mandar na gente. Eu também pensei assim. Não era radical, mas de algum modo segui o cortejo cultural, que é preconceituoso e discrimina.
Hoje, no começo da terceira idade, vejo que sou a mesma pessoa que era antes. Mudei quase nada. Adquiri conhecimentos e experiências, mas não mudei minha personalidade nem o modo de ver o mundo. Sempre fui um rebelde, continuo rebelde. Sempre fui criativo, continuo criando. Era ousado, ainda ouso. Tenho amigos do tempo da minha juventude e reparo que eles também não mudaram. Os espertos continuam espertos. Os que eram tímidos permanecem tímidos, os que eram tolos ainda são tolos. A diferença é que a juventude encobre os defeitos. Jovens bonitos e tolos não parecem tão tolos quando o são. Moça bonita e atraente é disputada mesmo se for birrenta. O marido irá reparar nos defeitos quando ela engordar.  É assim que o mundo vê os jovens. Juventude é sinônimo de força, beleza, ousadia e criatividade. A juventude é um símbolo. Um símbolo positivo. Basta ser jovem para ser identificado com as virtudes simbolizadas. E é aqui que a gente entra em fria. Nem toda pessoa com idade de jovem é realmente jovem, apenas aparenta ser. Lá dentro poderá ser medrosa, cautelosa, ciumenta, conservadora. 

A velhice é também um símbolo. Na nossa cultura, negativo. Pessoas velhas com mente jovens, criativas e ousadas, são postas no mesmo baú em que estão todos os velhos ranzinzas. Para separamos as pessoas, os velhos e os moços dos símbolos que os representam é preciso que tenhamos algumas qualidades especiais. Veja o que nos diz o grande poeta português Fernando Pessoa.  Ele afirma que o entendimento dos símbolos e dos rituais exige que o intérprete possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles:
·         Simpatia,
·         Intuição,
·         Inteligência,
·         Compreensão,
·         Graça.
Depreende-se que primeiro é preciso simpatizar com o símbolo para interpretá-lo. Ou seja, a simpatia aproxima o intérprete da coisa a ser interpretada. A intuição funciona de modo a sentirmos a coisa mesmo sem tê-la visto sem dela termos tido um conhecimento prévio. A inteligência analisa, decompõe, relaciona de novo sob novo prisma, enquanto que a compreensão é dada pelo conhecimento das outras matérias e das coisas que rodeiam o símbolo a ser interpretado. E por fim, a ajuda da graça, que também pode ser interpretada por Conhecimento, Ciência, Natureza, Deus, Oxalá, Tupã, Alá, Jeová.






Das muitas definições que tenho visto a mais comum é a de que: cultura empresarial consiste em crenças, histórias, ritos, lideranças, hierarquia e muitos outros itens. Outros definem como sendo um conjunto de valores partilhados por todos e que traçam o comportamento gerando as atitudes. Seja como for e que definição tiver, gosto de pensar que cultura no meu entender e aproveitando o texto de meu velho amigo Daniel Macedo que afirma: A cultura não é qualquer coisa depositada na cabeça, sim algo que vive na vida; não é acumulo de conhecimentos, sim aplicação de experiência e educação, de associação de viagens para exalçar à sensibilidade, aprofundar a significação e reduzir os atritos da vida, é a marcha do conhecimento para a compreensão. Não é necessário cultura para levar-nos a uma atitude de cortesia e atenção para com os ricos ou os mimados da beleza e da fama.
Onde a verdadeira cultura se mostra é na maneira de tratarmos os pequenos, os fracos, os "desprezíveis", os de espírito humilde. Não pode ser considerado culto quem não trata a todas as criaturas, sem uma só exceção, com o mais profundo interesse humano. Quando vejo pessoas dizendo: a cultura de nossa empresa é assim ou assado, eu fico me perguntando de quem é essa cultura mesmo? Seria da empresa ou dele?
Sempre gostei de filosofia, mas gosto dela na medida em que me cria uma oportunidade de refletir. Sinto na filosofia uma forma de saber que não estou sozinho nesse mundo de vastas perguntas. Descubro a cada leitura que o mundo gira sempre em torno de uma busca infindável de razões para seguirmos adiante. Muito se diz sobre isto ou aquilo e na verdade me pergunto aonde se vai chegar com este ou aquele caminho. Já presenciei infindáveis embates sobre VERDADES e vi os homens se desgastarem na defesa de seus pontos de vista. Vi no fervor da BATALHA esses mesmos homens, ora amáveis, terminarem por expelir ódio por todos os poros e nesse momento eu perguntava: Qual é a razão disso! Será vaidade? Será ignorância?

Os homens sempre disputaram a supremacia das coisas, sejam elas materiais ou não. Seguindo adiante vi muitos deles pobres pais de família, pobres de exemplos, pobres de alma enfim. Mas como eu poderia atribuir tais valores a eles! Como eu em minha infinita insignificância poderia estabelecer padrões para taxá-los disto ou daquilo! Pois é! Eu também me perdi nos julgamentos e atribui a eles o peso de minhas crenças. Penso que isso é nato nos homens, parece-me que sentimos algum prazer em estabelecer julgamentos, e infelizmente eu não estou isento de tais erros. Novamente cometo um julgamento à medida que afirmo ser isto um erro. O que eu defendo é uma sociedade de livre pensamento “sem os julgamentos”, não pretendo universalizar o CERTO ou ERRADO, sonho com os homens capazes de refletir numa extensão maior do que os próprios umbigos. A sociedade contempla todos e não apenas os sábios, daí a dificuldade de desenvolver uma comunicação mais ampliada, caso contrário iremos nos reduzir a guetos.
Acredito que a cultura empresarial precisa ver isso com a distinção que merece, senão estará ela mergulhada no fosso do individualismo. A compreensão do papel social e do cultivo dos valores definirá não somente a trajetória da empresa como irá influir fortemente na atuação de seus colaboradores, fazendo-os alinharem-se automaticamente aos seus ideais. Por essência as empresas visam o lucro e dele acabam por beneficiar a estrutura como um todo, obviamente por sabê-lo não contesto essa premissa, abjugo tão somente da fria missão de buscar o lucro introduzindo a defesa de valores a fim de humanizar o processo permitindo-lhe estar mais próximo do anseio social.
Não crio verdades, mas sim pontos de vista a fim de gerar desconforto no leitor, permitindo a ele extrair elementos para sua análise.


Por que o mercado de trabalho mata profissionalmente as pessoas por volta dos 40 anos? Parece uma frase jogada no espaço, sem sentido, sem amparo lógico; mas na realidade é assim que acontece. Você já ouviu falar de alguma empresa que abra processo para estagiários acima dos 40 anos? O estagio por princípio refere-se aos jovens que estão galgando o primeiro emprego, não é! Uma pessoa aos 40 anos não poderia estar começando em uma nova carreira? Muitos dirão que se trata de uma situação inusitada complexa que envolve muitas variáveis, todavia essa é uma maneira clássica de focar a questão. Sugiro uma nova visão sobre o problema! 
A ciência através de sucessivos avanços tem possibilitado ao homem uma maior longevidade, pesquisas apontam para um alto índice de insatisfação nas carreiras, o tempo gasto na formação acadêmica cresceu substancialmente (faculdade, pós-graduação, MBA, mestrado, doutor, pós-doc). Pergunto novamente! Por que não podemos recomeçar em uma nova carreira? Se formos comparar um jovem na faixa de 18 anos a uma pessoa de 40 anos, qual dos dois traria maior benefício para empresa? 

Há alguns anos atrás eu dirigia uma metalúrgica no interior paulista e estava à procura de um gerente de produção. Depois de anunciar nos principais jornais obtive uma enorme quantidade de currículos; feita a devida triagem contratei um profissional que estava na faixa dos 50 anos. Vocês não tem ideia da reação do dono dessa empresa, quase fui colocado no “pelourinho”. Como você contrata gente velha para minha empresa! Que idade tem o senhor, perguntei? Eu tenho cinquenta, respondeu ele. Devo então concluir que o senhor já está muito velho para dirigir a empresa? Lógico que não! A empresa é minha! Não me dei por vencido! Nossa empresa trabalha com atletas retruquei! Nossa empresa participa de corridas? Nossa empresa necessita de pessoas musculosas? Pois bem! Precisamos de pessoas capazes de comandar e alcançar objetivos, na verdade preciso tão somente do cérebro deles e até onde li o cérebro mantendo a devida atividade envelhece numa proporção bem diferente do corpo.
Essa história lhes parece ficção cientifica? Não! Ela ocorre todos os dias e em todas as partes. Quando eu era criança eu li uma ficção, (não me lembro do titulo nem o autor), que dizia que a certa idade as pessoas seriam mortas de modo a manter o equilíbrio populacional, isso se dava em função da escassez de alimentos e espaço. Graças a Deus essa lei ainda não existe. Será que não? 
Quando a globalização, a tecnologia, os meios de comunicação e as ciências como um todo criam e facilitam o alcance de tudo que você possa sonhar, significa dizer – Você pode sonhar que nós tornaremos isso possível - Criamos um mundo no qual podemos sonhar com o impossível, mas não podemos conviver com novas regras. O que vemos na prática é: nossa empresa é de alta tecnologia, porém sua conduta é baseada nos valores e cultura de seus fundadores. 
O que dizer então da chegada dessa geração chamada de “Y” que foi concebida dentro dos preceitos mais sofisticados da tecnologia, onde o tempo nada mais é do que um simples “teclar”. Antigamente um gerente era formado a luz de muitos anos de trabalho e muitas horas de tentativas e erros que acabavam por moldar seu saber. Hoje vemos “meninos” que mal acabam de pegar seu MBA e já saem comandando, processos, pessoas e empresas em busca de resultados quase “instantâneos”. Não estou querendo aqui colocar os mais jovens na berlinda e taxá-los ou mesmo rotulá-los de incompetentes, apenas baseado em minha própria vida, hoje vejo as coisas com maior clareza, levei décadas para começar a “engatinhar” nesse sentido, por mais tecnologia que se tenha, por mais informação que se dê a alguém o tempo de maturação é primordial.
Gostaria de salientar que em momento algum coloco o empresário como um “demônio”, muito pelo contrário luto a favor dele, minha proposição foi estabelecer um paralelo que mostrasse o fosso existente entre o grupo gestor e o grupo operacional. Há muito que as empresas deveriam abandonar jargões e entregar-se a tarefa de entender seus colaboradores diretos. O processo participativo propalado em verso e prosa pela maioria das empresas em minha opinião não passa de mera eloquência. Milhões são gastos em tecnologias e estrutura e pouco ou quase nada no aprimoramento do potencial humano. 
Quando digo isso não me refiro unicamente ao treinamento, mas primordialmente ao “entendimento” do fator humano, onde se deveria levar em conta itens como, sonhos, objetivos, potencial, criatividade, capacidade de arriscar-se e tudo mais que compõe a essência humana, assim como faz quando cria estratégias para atender o mercado, ou quando criar um produto enfim as empresas buscam de modo racional criar “modos operandi” para tudo. Por que não para o elemento humano? Alguém dirá! A empresa não é divã psiquiátrico. Hora bolas! Se eu lido com seres humanos não posso me furtar de procurar entendê-los assim como faço com uma nova maquina recém-adquirida, onde somente poderei extrair todo seu potencial a partir da boa leitura de seu manual e das horas de funcionamento e aprendizado.
Vejo as empresas como qualquer comunidade que congrega pessoas, por isso ela está sujeita a ter em seu seio conflitos sociais; que são correntes distintas de pensamentos sempre em pleno confronto, isso se dá em virtude de que pessoas veem e sentem de forma distinta. As empresas são basicamente formadas por feudos, seja ele departamental ou de subgrupos dentro de grupos maiores. Seja como for a tensão social e a luta pelo poder são enormes, justificada essa posição permite-nos ver o grande desvio de energia desperdiçada nesse cotidiano; temos por discernimento a obrigatoriedade de estancar essa sangria. No meu entender isso somente será alcançado com o melhor uso e entendimento do fator humano.
As empresas são formadas, como já disse, por inúmeras correntes de pensamentos. Tenho por crença que elas confundem TECNOLOGIA com a capacidade de raciocínio. Explicando melhor; a tecnologia é um aparato (ferramental) colocado à disposição das pessoas para facilitar as rotinas de trabalho o pleno domínio dessa tecnologia não significa necessariamente um aprimoramento da inteligência humana. É bem verdade que os mais jovens já nascem inseridos dentro desse conjunto tecnológico. Desde pequenos recebem computadores, Ipod, Ifone e toda sorte de tralhas eletrônicas, fazemos isso porque julgamos importante oferecer a eles as mais variadas ferramentas possíveis, criamos nossos filhos aparelhados com tudo que seja racional de modo que possam, um dia lá na frente, ter o necessário para entrarem no mercado de trabalho. Erroneamente e por fascínio achamos nossos filhos o máximo, quando operam esses instrumentos. 
Deveríamos na mesma proporção nos preocupar um pouco mais com outros valores. 
Empresas pequenas tem andado na contramão desses “modismos”, por exemplo, eu vi uma pequena empresa contratar seus motoristas para transporte somente pessoas acima dos 45 anos de idade. O resultado foi imediato o número de acidentes e as idas a oficina caiu drasticamente. Alguns supermercados também investiram nisso e os resultados foram ótimos além de um tratamento diferenciado os caixas passavam confiança e com isso aumentou a fidelização do cliente. Menor número de faltas, maior comprometimento, mais responsabilidade e maior apego ao trabalho são características observadas nesse grupo de pessoas mais experientes. Com o aumento da expectativa de vida hoje convivemos com a primeira geração que chega a essa idade em perfeitas condições físicas e intelectuais, por isso aposto numa guinada nessa visão dos empresários. Porém acredito que isso vá demorar mais alguns anos em virtude de minha crença de que o brasileiro ainda é “macaquinho” que pula perante as bananas oferecidas por outros povos. 
Compramos muita bobagem em termos de administração, visão de futuro, métodos de gerenciamento e toda sorte de “cretinices” dos gurus que aqui desembarcam via livros, vídeos ou palestras. Gigantes do setor automobilístico, eletrônico financeiro dentre outros quebraram ou ficaram em via de fato. O Brasil tem sua própria maneira de fazer as coisas e ao que tudo indica vem funcionando, a crise mundial pegou os grandes barões da excelência. Por aqui ainda respiramos com certa folga. Deveríamos sim, enaltecer nossos conhecimentos e exportá-los e não ficar atado a essa mediocridade importada de grandes grupos. O mercado é formado por pessoas e não maquinas somente os anos ensinam e não os softwares. Não sou contra de forma alguma que os jovens tomem nosso lugar, penso que é uma ordem natural da vida, porém o que se vê é um desmonte desmedido da própria história das empresas sendo jogado ao lixo.
Para apoiar meu pensamento gostaria de citar aquela célebre frase: o tempo é o senhor da razão, pois bem o tempo desde o inicio do mundo tem sido o grande professor seja em que área for do conhecimento, somente ele é capaz de dar ao homem não somente o esclarecimento como também propícia a maturação para refutar ou não aquilo que aprende.

Muitas vezes somos conduzidos para novos paradigmas que acabam por submeter nossa visão a novos confrontos ideológicos de tal maneira que podem ate derrubar nossas crenças. Hora, isso é salutar do ponto de vista crescimento não vejo, (perdoe-me os leitores pode até se tratar de um caso de ignorância de minha parte), outra forma de lapidar um diamante. A nova geração deve ser sim posta na posição de comando, deve ser ouvida, porém ela deve interagir com os seus antecessores, não se pode despejar num ralo toda a essência construída por conta de uma visão distorcida e cambaleante de propósitos. As empresas ao que parece deixaram-se cegar por esse “imediatismo” tal como essa geração “Y” que vê o mundo através de teclas, as empresas que pensam apenas no lucro crescente e imediato não pararam para pensar que também poderão se tornar vitimas dessa geração quer delas a mesma coisa e quando não lhes for mais conveniente às deixarão sem qualquer aviso ou respeito. Vitima e vitimado!
Aviso! Não crio verdades, esse texto é apenas um ponto de vista que pode ou não servir para alguma coisa. Meu intuito é o de tirar o leitor da zona de conforto e dar-lhe algo para refletir, apenas isso...


Há muito que se discute qual é o melhor caminho para o sucesso. Já ouvi de tudo desde grandes lorotas até verdadeiros tratados sobre o assunto. No mercado, por exemplo, existe uma enorme quantidade de livros de autoajuda que se dispõem a essa tarefa, quando não, muitos “intitulados” de gurus lotam plateias desfilando infindáveis argumentos e apontando caminhos. O que é verdade e o que é mentira? Nunca saberemos! Pois isso varia de pessoa para pessoa, dependerá de condições econômicas, educação, cultura, crenças enfim de tantas variáveis que precisaríamos de uma vida inteira para chegar a alguma conclusão e mesmo assim ela não seria capaz de criar uma fórmula segura ou um mapa para o sucesso. Segundo pesquisas 8% da população atinge o sucesso, sendo que esse sucesso em questão não significa dinheiro, mas sim satisfação. Quando começamos a entender essa situação e passamos a interpelar as pessoas verificamos que a maioria está descontente com a vida que têm.

Quando perguntados sobre o que é o sucesso na visão deles as respostas sempre se reportam aos milionários e suas posses, porém à medida que essa pergunta é dirigida a um grupo de pessoas mais maduras, a resposta é: poder fazer o que se gosta.
Poder fazer o que se gosta! Por que isso é tão difícil de conseguir? Em minha opinião, as pessoas se deixam escravizar por objetivos meramente financeiros, seja pelo sonho da casa própria, seja pela aquisição do carro novo, enfim mil motivos. Com o passar do tempo quando perguntados se são realmente felizes as respostas apontam sempre para o “NÃO”. Insistindo nessa questão e interpelando o porquê das coisas, as respostas mais comuns são: não gosto do que faço, minha vida parece não fazer sentido, não acordo com vontade de trabalhar, a rotina me consome e por ai vai. 
Para elucidar essa opinião, outro dia jantava com um amigo e este me contava como as coisas estavam caminhando na empresa em que ele trabalha. Avaliamos desde quando ele iniciou até os dias atuais e percebemos as mudanças de postura tanto dele quanto dos donos da empresa. Para resumir, ele já começou a mostrar indícios de frustração, eu rapidamente lhe disse: pegue seu boné e vá embora, bem que eu queria, disse ele, mas estou amarrado com alguns compromissos. Há cerca de um ano atrás esse mesmo amigo havia me convidado para substitui-lo quando ele saísse da empresa, na época eu respondi que não tinha interesse algum em voltar a ser executivo, pois a vida havia me ensinado que no fundo no fundo, na minha ótica é claro, não valeria à pena, os ganhos não compensariam os sacrifícios. Já vi gente se lamentar que, passou a vida trabalhando uma média de 12 a 15 horas dia e quando chegou o momento de desfrutar as doenças e a morte estavam batendo a sua porta.
Obviamente sei que não é fácil arriscar-se e quando o fazemos as chances de sucesso são pequenas, isso acontece porque o processo de risco envolve principalmente a experimentação, será ela que nos dará pistas ou ensinará o que fazer numa próxima tentativa. É como na ciência onde o cientista faz seus experimentos e com eles aprende e isso se repete até o momento do acerto. Agora que caminho escolher? Tudo na vida é uma questão de escolha, a coragem para seguir este ou aquele caminho dependerá da definição que você tem da vida. Muitos falam sobre qualidade de vida como se isso fosse um período de férias que você tem direito a tirar depois de certo tempo. Qualidade de vida na minha visão é acordar todo dia e ir buscar um novo jeito de viver, procurar as emoções para que elas possam alimentar meus sonhos, e com eles traçar uma nova realidade, não me deixo vencer por nada, cai e cairei tantas vezes quantas for necessário, porém jamais vou me deitar e deixar a vida fugir de mim por medo de tentar.
Este texto não se propõe a criar verdades, nem tampouco criar um tratado sobre conduta empresarial, a ideia principal é simplesmente levar o leitor a refletir sobre um ângulo diferente a fim de ou entretê-lo ou de fazê-lo meditar.







As empresas criam verdadeiras olimpíadas quando da contratação de novos funcionários. São inúmeras horas despendidas em dinâmicas de grupo, redações, entrevistas e mais dinâmicas e mais entrevistas e quando tudo parece estar chegando ao fim, coloca-se mais uma “dinâmicazinha” aqui e outra acolá. O processo é um martírio tão grande que descrevê-lo em palavras se torna impossível. 
Vencida está etapa o funcionário e enviado ao departamento e lá depois de devidamente apresentado aos colegas, segue para o primeiro discurso do gerente ou diretor da área, quando este obviamente dispor de tempo, às vezes você passará por essa etapa muito tempo depois, o que no mínimo é um desconforto muito grande. O primeiro “baque” quando dessa conversa, vem em forma de “desilusão”. 
Você passou por tantos testes, entrevistas e outras coisas que havia idealizado em sua mente uma empresa de extrema vanguarda, ao conversar com o diretor (gerente etc.), percebe logo de que nada daquilo era real. Em muitos casos, você sairá dessa entrevista com a nítida certeza e que ele deve ser o “filho do dono”, uma vez que no seu entender ele está fora de contexto, pior que isso é quando, com o passar do tempo você faz de suas dúvidas uma certeza. Desse momento em diante seus demônios se manifestam tirando-lhe o sossego e a vontade que o haviam impulsionado.
Na primeira reunião logo você constata que embora a empresa houvesse apregoado a busca incessante de talentos o que você vê na verdade é um: “ta lento” em outras palavras seu diretor é uma “múmia”. Não bastasse essa “desgraça” ele nitidamente não é confiável, é o tipo que lhe roubará ideias, não o enaltecerá de maneira alguma e se puder vai usá-lo como bode expiatório. 
O que leva a essa situação? 
O empresário se envolve pouco no operacional da empresa e muitos, tenho certeza, dirão que essa é a forma correta de agir. Mas se pensarmos que num mundo globalizado onde a informação é a essência de uma nova ordem mundial na conduta de negócios, fica improvável acreditar que o empresário deva se “encastelar” no refúgio de relatórios periódicos. As empresas são dirigidas dentro de um código de silêncio. As coisas acontecem de acordo com a mentalidade de um pequeno grupo, sobressair-se nessa cultura tão somente irá acontecer se você tiver uma bela “sacada”. Mas você não estudou ou foi treinado para ter “sacadas”! Contrariamente, você é criado dentro do contexto de processos e métodos técnicos. Por fim a revolta se dá quando descobre não ter voz ativa nos rumos ou decisões da empresa, não obstante ninguém se interessa em ouvi-lo. Com o passar do tempo somado aos compromissos financeiros deixa-se abater, viverá conformado nesse campo de concentração, onde a máxima é: manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Como sempre gosto de afirmar que não crio verdades, mas sim pontos de vista capazes de gerar o desconforto no leitor a fim de que ele possa extrair elementos para sua análise. 







Mal passou pela porta de entrada e Carlos por um instante trouxe a tona toda angustia daquele interminável processo seletivo. Foram dias e mais dias dedicados a lutar por uma vaga, entretanto, e tantos candidatos, a sorte e o preparo haviam lhe sorrido, entre muitas sensações a que lhe trazia maior conforto era a sensação de vitória. Sim porque não! Ele era um vitorioso, sua capacidade, autoestima e demais conhecimentos havia sido colocados a prova. Balançando a cabeça como quem procura esquecer parou diante de Elaine que com sorriso amável convidou-o a conhecer a empresa. Entre incontáveis apresentações e explanações finalmente o Dr.Carlos, como fora apresentado, chegou a sua mesa de trabalho e logo tratou de mergulhar no trabalho. 
Com o passar dos meses Carlos começou a perceber que ele já não era tratado como o Dr. Carlos, já tinha virado o “Carlão” para alguns, outros o chamavam de “Carlinhos”, houve até uma vez que ele estava dentro do banheiro e ouviu duas pessoas se referindo a ele como “Carlixa”. Por que o estariam chamando dessa forma, ele havia estudado na Inglaterra por quase 20 anos, seu doutorado e o Pós-Doc tinham sido feitos com louvor, seus artigos científicos haviam rodado o mundo, entre pensamentos desvaneceu-se o tempo e assim passou. O Dr. Carlos havia sido contratado e propalado em verso e prosa por toda a empresa como um raro talento, porém com o avançar dos dias isso foi se perdendo, quanto mais à intimidade crescia com os colegas, maior era o distanciamento dessa primeira visão. 

Não tardou para que o Dr. Carlos fosse contestado, atribuíam a ele a responsabilidade de determinar e traçar os caminhos da empresa, porém quando explanava suas opiniões logo era cortado, alegavam seus interlocutores: dessa forma não é possível fazer! - Assim não vai dar certo! – A empresa não está preparada para isso! – Não temos condições de arriscar! No auge do desespero o Dr. Carlos olhando cada um bem no fundo dos olhos, irrompe tempestuosamente; POR QUE AFINAL DAS CONTAS FUI CONTRATADO!

Reflexão: Quando as empresas buscam os ditos “talentos” no mercado eles realmente estão atrás de pessoas capazes de lançar novo olhar sobre a empresa e sua conduta, ou estão buscando “Milagreiros de plantão”, para solucionar e determinar novos “GANHOS”.
A empresa é formada por um conjunto eclético de personagens, que por sua natureza, cultural, crenças, valores, conhecimento e credos vagam entre sentimentos, pensamentos e interesses distintos. Cada qual tem visão própria do que é o “certo” para a empresa, não agir assim demonstra fraqueza, e isso não é bom aos olhos do futuro e sua permanência. Como causa natural todo recém-chegado é um perigo imediato, pois expõe a todos. Não se mudam os desejos ou as necessidades, mas as preferências das pessoas. Não se mudam os fatos, mas as interpretações. Não mudamos a capacidade de julgar das pessoas, monitoramos o processo de julgamento para esclarecer fatos, ideias e conceitos, para evitar conclusões errôneas, precipitadas, preconceituosas e desfavoráveis a um objetivo maior. 
Mas a quem cabe esse papel de orquestrar todo o processo? A lógica indica de que deveria partir do alto corpo diretor, todavia a pergunta que fica é: esse corpo têm o devido preparo? Na verdade conheci em minha trajetória profissional, verdadeiros “tiranossauros” eles contratavam pessoas para suprir suas falhas e jogavam em suas “costas” a responsabilidade daquilo que lhes cabia.
Outro ponto que gostaria de colocar em reflexão é o da intimidade. Muitos de vocês se fizerem um exame mais aprofundado irão concluir que a intimidade em demasia leva a perda da imagem. Aqueles que te admiravam pelo currículo, que você trazia, hoje te admiram ou te ridicularizam por sua conduta. As pessoas tendem a defini-lo por aquilo que tem contato, dai é criada a base de dados, ou seja, o que você produz seja falando, escrevendo ou fazendo fica fixado na memória dos colegas e será por essa “produção” que você acaba sendo definido. Ao longo da vida vi inúmeros profissionais, de grande talento e conhecimento que se deixaram abater e se entregaram a mediocridade, por medo de não serem aceitos no grupo que ingressaram, os anos e a frustração se acumulam na mesma velocidade que isso acontece. 

Assim é um casamento que começa com muitas juras de amor e com o passar do tempo dá lugar as criticas, as frustrações e consequentemente o DIVÓRCIO.
Este texto não se propõe a criar verdades, nem tampouco criar um tratado sobre conduta empresarial, a ideia principal é simplesmente levar o leitor a refletir sobre um ângulo diferente a fim de ou entretê-lo ou de fazê-lo meditar. Só isso nada mais...


Não somos tigres, que se isolam. Somos seres sociais como a maioria dos pássaros, os lobos e os porcos. O que nos distingue dos animais não é a visão, a águia vê mais e melhor. Não é a força, não competimos com o tigre nem com o urso. Não é a coesão do grupo, o lobo é mais família. Não é a velocidade, nem a fidelidade nem quaisquer outros atributos animais. Somos distinguidos por nossa inteligência e espiritualidade.
A inteligência e a espiritualidade humana criaram a civilização. A civilização atravessou a fase tribal, formou reinos diversos, inventou parlamentos, desenvolveu a democracia e fundou republicas. Ou seja, desenvolveu e aperfeiçoou modelos de governos e de administração, mas onde nos encontramos? Quem admiramos? Kadafi ou Obama? A primeira ministra Merkel da Alemanha ou ao Dalai Lama, o Monge do Tibet? 

Distinguir entre o Kadafi, que é uma mistura de ditador e chefe tribal, e o Obama, que preside um país estabelecido por parlamentos e leis, são fácil. Não acontece o mesmo com a Merkel e o Monge do Tibet. O monge encanta plateias mundo afora, pois fala de liberdade de consciência, de fraternidade, respeito à natureza e ao meio ambiente, critica a opressão chinesa contra o seu povo. É manso, é aplaudido.
A Merkel é notada porque a Alemanha é forte e ela, uma mulher firme, representa seu país com a altivez e a seriedade que se espera de um dirigente do maior país da Europa, mas a maioria das pessoas que eu conheço, admira mais o monge. Se tivessem a oportunidade de estarem com ele, lhe beijariam a mão como o fez Caetano Veloso quando o Dalai Lama visitou o Brasil. E você?
Vamos refletir um pouco. Que tipo de líder é o monge? Como os monges administram? Que tipo de líder é a ministra Merkel? Como os ministros alemães administram?
O monge se considera a décima sétima reencarnação do Buda e em função desta crença é considerado o líder supremo do trono do Tibete, que equivale ao de um rei. Seu posto é mais do que vitalício, pois quando um rei morre, é sucedido por seu filho, irmão ou sobrinho. Quando o Dalai Lama morrer, os monges escolherão outra criança na qual ele reencarnará e desta forma os monges se perpetuarão no poder. O Tibet, sob a administração dos monges, apresentou os piores índices de mortalidade infantil, a maior parte da população não aprendeu hábitos simples de higiene como o de lavar as mãos.
A ministra Merkel foi escolhida pelos votos do parlamento e será substituída por outra pessoa quando a população retirar seu apoio, que poderá ser a qualquer momento, pois ela não tem súditos. Como cidadã, tem os mesmos direitos e as mesmas obrigações de todos os alemães. Sob sua administração a Alemanha vem mantendo a cidadania e fortalecendo a união europeia.
E agora, quem é digno de admiração?
Para mim, Merkel, é claro. E a Alemanha, que escolheu esta mulher como líder. Como então se explica o encantamento e a admiração pelo monge? Acho que é porque não somos racionais o suficiente para pesar os valores que estão diante de nós, julgamos e formamos opinião com a emoção. Contra nós pesam as emoções de nossa cultura, nossas tradições. O modelo republicano é novo, ainda não aprofundou suas raízes, não deu os frutos necessários. 

Há pouco mais de cem anos cultivávamos valores monárquicos, beijávamos as mãos dos padres, escravizávamos o negro, fazíamos uma guerra a cada vinte anos. Vivemos enfim uma porção de séculos condicionados por culturas que celebravam a guerra encantados pelos contos de cavalaria, instituíram a servidão, a subserviência e a resignação aos inferiores. Uma literatura que exaltou príncipes e valores principescos e ao invés de lutar pela igualdade de direitos e deveres, a maioria preferiu invejar o príncipe, acalentar sonhos de poder. Há vinte anos fomos ingenuamente capazes de fazer um plebiscito para escolhermos entre a república e a monarquia. Na Espanha, o ditador assassino fez seu sucessor, o atual rei.
Para mim, e difícil encarar isto. Estamos no terceiro milênio e um monge monarca, por usar de voz macia, encanta mais que um primeiro ministro de uma república parlamentarista. Infelizmente esta cultura se reflete em todas as instituições, inclusive nas empresas.
Empresas dirigidas por famílias seguem o modelo monárquico. O dono da empresa se assemelha a um reizinho, decide o que quiser, contrata e dispensa quem ele quiser, como e quando quiser. Esta condição, a de ser dono, é uma circunstância na qual viceja a lei do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Salvo raras exceções, a relação profissional é baseada mais na confiança e menos no perfil profissional. As empresas limitadas não precisam publicar seus balanços, nem dar satisfação de suas decisões a ninguém. Basta recolherem os impostos devidos e cumprirem suas obrigações trabalhistas. Dizemos que este modelo é o modelo da liberdade, da livre iniciativa. Liberdade de quem?

Empresas de capital aberto se aproximam do modelo republicano, são dirigidas por conselhos. Os acionistas elegem um conselho, o qual escolhe uma diretoria que escolhe seus gerentes e demais funcionários. Pelas leis, são obrigadas a publicar seus balanços e dar satisfação aos acionistas. As reuniões dos conselhos seguem regras, são registradas em atas. Os diretores e gerentes têm descrições de cargos e funções, cada qual sabe onde suas responsabilidades começam e terminam. Os acionistas que não votam têm prioridade na distribuição dos lucros e outras vantagens de minoria. Não confiamos neste modelo, poucos são os compradores ações.

No Brasil, a maioria das empresas é dirigida por famílias. Muitas das grandes empresas são sociedades anônimas, mas distorcidas, pois são fechadas, são os familiares que detém a maioria das ações, que mandam e desmandam, agem como se fossem donos de limitadas. Nos EUA, a maioria das grandes empresas é de capital aberto.

Acho que esta diferença tem raiz cultural. Em nós brasileiros pulsa mais a cultura do coronelismo, que é fechada, de quem só acredita em si mesmo. Nos EUA pulsa mais a cultura da república, da coesão social, onde os homens ambiciosos se reúnem para empreender. Em função disto, a maioria das grandes empresas americanas acabou controlada por fundos de pensões, que é uma forma eficaz da população participar da condução das empresas e da renda. Nós temos o PREVI, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e mais alguns, mas controlados pelo governo.
Tanto lá quanto cá, a concentração de capitais ainda é grande, há uma aristocracia do capital ou dos grandes barões, que promoveu as crises que desembocaram nas duas grandes guerras mundiais e promove crises periódicas e que ameaçam a paz relativa em que vivemos. Olha o que vivemos hoje. A Grécia gastou mais do que podia, culpa-se a Grécia por isto. Ninguém esclarece que a Grécia compra caro vende barato, pois produz produtos com menos tecnologia e menor valor agregado e por isto recebe salários menores que os da Alemanha, França e Inglaterra, e que ela ficou refém dos juros administrados pelos grandes barões da Europa.

Não é a toa que o mundo em crise compra títulos americanos com juro zero. O país produz muito e tem enorme capacidade de gerar produtos de alta qualidade. Mas é uma confiança que vai além. Apesar dos EUA serem acusados de imperialistas, a diferença de renda lá é bem menor que a nossa e as relações no trabalho são mais respeitosas que a dos outros países e por isto atrai milhões de imigrantes todos os anos. Em 1965, quando trabalhei numa fábrica que não tinha pessoas para fazer limpeza e para fazê-la os americanos já utilizavam uma escala que incluía todos os funcionários, inclusive os supervisores e o gerente. Todos limpavam a privada no dia escalado e isto era natural para eles. Os chefes se dirigiam aos funcionários com a obrigatória gentileza do “Por favor” e ninguém era forçado a fazer qualquer serviço, qualquer tarefa para a qual não tivesse sido previamente contratado. Os lideres sindicais entravam e saiam da empresa tranquilamente, tinham este direito e o exerciam normalmente. Os patrões não chamavam a polícia, os operários não protestavam fechando a avenida e prejudicando a vida de outros cidadãos. Os EUA têm uma porção de outros defeitos, mas poucos países chegaram a este ponto.

Aqui no Brasil e nos países latinos, ainda somos inclinados a beijar a mão do Dalai Lama, puxamos o saco dos chefes falando mal deles pelas costas, fazemos o impossível para cumprir qualquer tarefa, inclusive aquelas para as quais não fomos contratados. Queremos liberdade e respeito, mas agimos com medo de perder o emprego, queimamos pneus nas ruas. Queremos igualdade de direitos e obrigações, mas, na prática, almejamos os mesmos privilégios que o nosso patrão tem. A prova disto é que os empregados que viram patrões se tornam iguais, agem da mesma forma.

Nossa maneira de dirigir, mandar e obedecer segue nossa cultura, nossa maneira de sentir, pensar e agir. Em função disto, nossos guias e conselheiros, consultores e jornalistas, quando nos orientam sobre gestão, comando e liderança, cometem os mesmos deslizes, pois também estão condicionados. Não acredite neles! Também estão cerceados pelas mesmas circunstâncias, não ousam romper o circulo vicioso, pois há um preço a ser pago e que não estão dispostos pagar. E assim, até que um novo Sol aqueça nosso rincão e ilumine nossa inteligência e nossa espiritualidade, viveremos a farsa de falarmos maravilhas sobre administração participativa, respeito, chefia e liderança e agiremos como lobos na alcateia.

Num galinheiro, quem reina é o galo. Se vier outro, eles brigam para decidir quem prevalecerá. As galinhas também brigam e estabelecem uma hierarquia entre elas. Há uma que bica todas, a seguinte que não bica a primeira e bica as outras e assim por diante. O mesmo comportamento ocorre, com pequenas variações, entre lobos, porcos e a maioria dos animais. E conosco, que somos igualmente animais. Ora nos comportamos como galos e galinhas, ora como lobos, ora como porcos.