Cheguei à conclusão que a inflação atual, dos dois últimos anos, tem algumas causas. 

A primeira e mais importante delas é de medição. Os produtos mudam. Alguns rapidamente, transformando-se num novo produto, mas a maioria lentamente, pouco a pouco no decorrer dos meses, com alterações de formulação de embalagem e isto não é considerado. Se uma marca colocou uma tampa melhor no seu molho para obter a preferência da dona de casa, mas o conteúdo e o peso são os mesmos, será considerado o mesmo produto para efeito de pesquisa comparativa de preços. A pesquisa não alcança estas sutilezas. 

A segunda é também de medida, mas não é dos produtos e sim da sazonalidade. O tomate é um belo exemplo. A safra principal é a de Abril, quando a oferta é maior, mas esta foi prejudicada pelo clima e o preço dobrou. E como o item faz parte da lista que compõe a cesta, ele altera índice do mês. Altera quanto? Altera de acordo com o peso relativo dele na referida cesta, que é uma relação percentual direta. Ocorre que se o preço sobe, a dona de casa compra menos tomate. Logo, a relação não poderia ser direta, mas proporcional ao volume do tomate vendido. Este cálculo não é feito. 

A terceira é também de medida. Mede-se o preço tabelado, pedido pelo atacadista no CEASA ou pela barraca da feira, quando devia ser medido pelo preço pago pelo comprador. Não se faz isto porque é muito complicado. Seria preciso anotar todos os preços vendidos e respectivas quantidades, da abertura da venda até o final, para considerá-los com seus devidos pesos e então se chegar ao preço médio efetivamente comercializado. 

A quarta é de concorrência. Esta, a meu ver, tão importante quanto à primeira, porque é persistente e não é nem será alterada por mudança de critérios de medida. Nós não estamos vivendo um momento de falta de produto para gerar aumentos de preços. Nunca produzimos tanto! A razão é Falta de Concorrência. O mercado alimentício, que inclui as embalagens e supermercados, é o principal motor da inflação e é enormemente influenciado por empresas estrangeiras, que sabem calcular seus custos e conhecem o mercado. Sabem que não há alternativas. Ou você compra deles, pois são oligopolistas, ou fica sem mercadorias. As empresas estrangeiras precisam enviar lucros para as suas matrizes, cujos países vivem crises. A fase não é de investimento, de expansão e conquista de mercado, que acirra a concorrência e baixa o preço, mas de conseguir lucro para fazer remessas e isto não irá mudar tão cedo. 

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