Qual é a essência de uma ideia nova? Basicamente uma nova ideia traz em seu bojo: mudanças, desconforto, insegurança, etc. Porém, por outro lado traz: sucesso, riqueza, evolução, prestigio, etc. Então porque é tão difícil colocá-las em prática?
 
Toda ideia nova é uma incerteza e por isso a maioria das pessoas tende a querer continuar fazendo aquilo que já conhecem. Destruir crenças ou paradigmas é doloroso para as pessoas, porque elas gostam do comodismo das rotinas, além de mais confortável, evitam riscos. 
 
Riscos? As pessoas creem que fazendo do jeito que sempre fizeram poderão assegurar o futuro; imaginam elas que a base da continuidade de um processo se baseia principalmente na experiência passada e que essa condição é forte o suficiente para manter o caminho do sucesso, por conta disso, milhares de ideias são repelidas em todos os níveis hierárquicos das empresas e por que não dizer da sociedade. Agir dessa maneira pode parecer cômodo, mas para os dias atuais não prever mudanças pode se tornar um eminente perigo. 
 
Não há ninguém em sã consciência que não conheça o valor e o poder que a “imaginação” teve e tem perante a história da humanidade, mesmo assim o ser humano não é estimulado a lidar com essa força, muito ao contrário, somos, desde o nascimento, criados e educados sob os mais rígidos padrões de conduta. As culturas através dos tempos idealizam um tipo de sociedade que visa o controle da conduta a fim de estabilizar as relações humanas, não fosse assim a anarquia seria inevitável. Isso é bom ou ruim? Essa resposta via depender do ângulo que se vê a questão. É bom no sentido de ordem e péssimo no sentido da evolução.

A educação, tal como conhecemos, é embasada puramente no processo sócio educacional de valorizar o aprendizado através de memorização, ou seja, as escolas, salvo algumas exceções, não incentivam seus alunos a pensarem por si mesmos, a condição de experimentar e errar não é permitida de forma alguma. Decorar fórmula, textos e dados é o fundamento dessa forma de educação, porém o uso daquilo que se aprende fica encaixotado a espera de uso, quando ao contrário a criatividade é um processo vivo e constante. 

Fazer as pessoas pensarem será, sem duvida alguma, a nova revolução seja deste século ou do próximo, uma vez que todas as tecnologias e informações conduzem nesse sentido. Precisamos parar com essa “fábrica” de “pessoas robôs” que tem por finalidade concorrer a uma vaga de emprego ou se tornar outro professor. Esse tipo de aprendizado cria filtros mentais. A cada nova situação, automaticamente, esses filtros são acionados com o objetivo de balizar os dados armazenados frente à nova perspectiva. A tendência natural é a rejeição do “novo”. Essa negação do “novo” é um processo subliminar uma vez que durante o tempo que ele ocorre ficamos cegados pelo conhecimento acumulado e transformado em verdade imutável. 

Existe um ditado popular castelhano que diz: “no creo en brujas, pero que las hay, las hay” (eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem!). Analisando esse dito, veremos um paradoxo, onde há uma certeza e uma negação de igual intensidade. Acredito que essa frase resume bem a condição da quebra dos paradigmas. Abandonar velhos caminhos e aventurar-se dentro da floresta é uma opção que bem poucos escolherão. De nada adianta querer prever o futuro sob o olhar daquilo que está solidificado dentro de nós. É preciso abandonar velhas crenças, despir-se daquilo que pensamos e estar aberto para o “novo”. “Em sua obra “Criação e imaginação”, Vygotsky afirma que é a atividade criadora que faz do homem um ser que se volta para o futuro, erigindo-o e modificando o seu presente”. Para esse psicólogo e educador, a criação é a condição necessária da existência e tudo que ultrapassa os limites da rotina deve sua origem ao processo de criação do homem e que a obra de arte reúne emoções contraditórias, provoca um sentimento estético, tornando-se uma técnica social do sentimento. “Para Dostoievski a necessidade de criar nem sempre coincide com as possibilidades de criação e disso surge um sentimento penoso de que a idéia não foi para a palavra.”
Definir o que é criatividade vem ao longo do tempo ganhando novos focos, seja sob o aspecto humano, neurociencia, tecnologia, enfim, as multiplas definições e encaminhamentos do assunto enchem livros e mais livros. Algumas pessoas ficam debruçadas sobre definições opacas a respeito da criatividade, outras se entregam a técnicas e dessa forma se imaginam criativas, seja como for esse assunto ainda irá perdurar por séculos. Eu acredito que as pessoas devam se libertar da busca de definições “exatas” seja disso ou daquilo o que no meu entender já é um processo criativo. 

Dentro do sistema tradicional de ensino aprendemos que a sequência de estudo ocorre através da: preparação – incubação – insight. O que significa dizer que a criação volta ao parâmetro de estar atrelada a uma condição, quando na verdade ela deveria fluir como o próprio ato de respirar, ou seja, ela deve ser um processo natural no qual não se precise pensar a respeito, mas sim fazer parte de nossa conduta.

Ser criativo é voltar ao estado “criança” onde as regras ficam esvaziadas de razão. É a mente em seu estado mais cognitivo amparando a percepção através de atitudes com a finalidade de pontuar os processos de acerto e erro. Adquirir uma nova postura abandonado a quantidade de “não” que recebemos ao longo da vida. A Ciência Cognitiva nos diz, através de estudos, que o cérebro desenvolve progressivamente sua capacidade perceptual à medida que os experimentos vão acontecendo. Essa percepção é um ato continuo uma vez que o cérebro procura identificar cada evento correlacionando e testando sob os mais diversos prismas. Nesse item a criatividade pode ser comparada a um mergulho no desconhecido, é uma viagem através de vastos campos abertos sem caminhos desenhados. Portanto, somos os únicos capazes de desenhar esse novo mapa.

“Nada é permanente, exceto a mudança” (Heráclito de Éfeso, filósofo pós-socrático, considerado o pai da dialética).

Diante do exposto podemos concluir que: todos nascem criativos. A criatividade é uma força inata que flui como o pensamento, ela é por sua natureza livre e absoluta. Criar é um ato pessoal e subjetivo, e não necessariamente tem que servir para algum propósito, como por exemplo, fazer uma obra artística, desenvolver um novo produto ou resolver problemas de produção. Nesse ponto a maioria das pessoas acredita, erroneamente, não serem criativas, uma vez que se comparam a outras pessoas que produzem arte, produtos, musica, teatro, enfim o “criativo” na visão delas é todo aquele capaz de externar um concepção inovadora. Isso é mera bobagem!

Como fazer para ter novas ideias e se tornar mais criativo?

- Pensar diferente. Liberte-se de velhos pensamentos, procure novos ângulos. Lembre-se: pensar não paga impostos, por isso use a vontade.

- Ver as coisas de outra forma. Olhe para os lados e aprenda a ver as coisas com outras cores e jeitos, não importa se é bonito ou feio, certo ou errado, apenas exercite sua visão.

- Alimentar a curiosidade. Aprenda a ser curioso, não se conforme somente com aquilo que vê, vá mais fundo, procure mais.

- Ser flexível. Abandone a postura de ser durão, não existem verdades, existem apenas pontos de vista, ouça mais, veja mais, e não se agarre as coisas como se fosse “pau de naufrago”. 

Por fim, lembre-se, a criação é um processo de: experimentar - arriscar-se - abandonar regras - não ter medo de errar - divertir-se. Não esqueça de que todo pensamento é uma ação de criatividade. Logo, todo mundo é criativo, então, você também é! Acredite nisso e comece a ter atitude!

Para ajudá-lo, vou fazer um seguinte exercício para provar que você é tão criativo quanto outro qualquer e que a diferença entre você e uma agência de propaganda não existe. Imagine a seguinte situação: um cachorro sentado numa poltrona com um cachimbo na boca; ao lado dele uma mesinha com o abajur acesso.

Pergunto a você: como está vestido seu cachorro? Como é a expressão dele? Como é o resto do ambiente? Sai muita fumaça do cachimbo?

Poderia perguntar mil coisas, mas isso já é o bastante para aguçar sua criatividade. Agora vamos imaginar que essa mesma questão fosse levada para uma agência de propaganda por um fabricante de cachimbos e que gosta de cachorros; imagine ele encomendando a “criação” de um pôster, num prazo de 15 dias, que contivesse o cachimbo e o cachorro. O que você acha que aconteceria?

A resposta para essa pergunta é simples. Aconteceria o mesmo que aconteceu com você. As pessoas iriam se debruçar em criar o cenário com todo detalhamento possível e depois de muitas horas de “elucubração” iriam escolher o modelo que melhor se adaptasse ao pedido do cliente. Qual é a diferença entre você e a agência de propaganda em termos de criatividade?

Nenhuma! Em termos de criação não existe diferença, ambos serão capazes, porém em relação ao objetivo, sim! Sua criação é totalmente livre, seja de compromisso ou resultado, enquanto o objetivo da agência estará compromissado com uma peça publicitária que atenda a necessidade do cliente dentro de um período de tempo. Em suma, a agência tem foco e tempo para cumprir. Você não!

Eureka! Gritaria você de alegria por ter concebido uma boa criação, não é verdade. A palavra grega “heúreka”,( o pretérito perfeito do indicativo do verbo “heuriskéin” ) significa “achar, descobrir”. Ao contrário do que se imagina o “eureka” não ocorre por acaso. Ele somente acontece depois de muito trabalho e atenção. É como se o cérebro fosse sendo carregado de informações e depois de um período ele pudesse fazer a melhor escolha e devolver dessa forma também a melhor solução. 

Assim aconteceu com Arquimedes. Conta à história que esse cientista grego descobriu a solução de um complexo dilema apresentado por Hierão II. O rei queria saber se determinada coroa era de ouro puro ou não. Arquimedes sabia que para tal deveria determinar a densidade da coroa e comparar com a densidade do ouro. O problema era como medir o volume da coroa sem derretê-la. Arquimedes descobriu a solução enquanto tomava banho. Ele observou que o nível da água subia quando ele entrava na banheira. Concluiu então, que para medir o volume da coroa bastava mergulhar a coroa em água e calcular o volume de água deslocado, que deveria ser equivalente. Diz à lenda que ele saiu ainda nu, correndo pelas ruas de Siracusa gritando eufórico: “Eureka! (Achei!). Nasceu dessa forma o “princípio de Arquimedes” utilizado até hoje na física, além, é claro, de ter transformado a palavra “eureca” num conceito muito maior do que sua simples definição.

Walt Disney dizia: se pode sonhar, você pode fazer”. Na visão dele a criatividade é como ginástica: quanto mais se exercita mais forte fica.

Vamos exercitar?

Há mais de 20 anos eu ensino essa técnica, seja nos cursos que dei ou durante as palestras que profiro. É muito simples, fácil e divertido de fazer. Vamos lá então!

Esse exercício pode ser feito em qualquer lugar e horário. Imagine-se, por exemplo, no transito; agora você está vendo um ônibus a sua frente, por uma questão lógica você está vendo apenas a parte de trás dele; o exercício consiste em mudar três coisas, não importa o que. Você deverá: mudar, acrescentar, tirar, seja lá o que for. Faça três alterações no prazo de 15 minutos. Se você estiver na frente do computador faça a mesma coisa, altere três coisas nele. E assim aja independentemente de lugar ou situação. O que irá acontecer? No início você vai ter certa dificuldade e com o passar do tempo irá notar que não era tão difícil quanto pensava; chegará um momento em que fará isso de maneira automática. Esse é o grande segredo desse exercício, quantificar e tipificar o processo criativo, dando a ele um objetivo. Lembrem-se da agência de propaganda. Foco e tempo. 

Qual é a vantagem de agir assim? 

- Desenvolve a agilidade mental;

- Aumenta consideravelmente a percepção do mundo e o que está a sua volta;

- Diferencia você das demais pessoas;

- Melhoria da captação visual;

- Aumento do poder de discernimento;

- Mantem os sentidos num estado constante de alerta;

- Potencializa nossas capacidades;

- Amplia a inteligência emocional;

- Aumento do poder de crítica.

Muitas seriam as vantagens; prefiro dizer que o mundo se abre para todo aquele se abre para ele de igual forma. Muitas empresas começaram a perceber isso, e passaram a investir em programas de criatividade, uma vez que ter pessoas olhando as “coisas” sob um novo foco guarda em si a verdadeira vantagem competitiva. Não existem empresas criativas e inovadoras o que existe são pessoas dotadas de potencial criativo e a partir da criatividade desses colaboradores é que as empresas poderão ser ou não inovadoras. 

Tudo na vida é uma questão de escolha, ou escolhemos ter ideias e assim prosseguir rumo ao futuro, sem esquecer que o presente vira passado e ele ensina que tudo pode ser mudado e melhorado ou ficamos no preconceito e dele fazermos uma bela lápide. A escolha é sua!

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