Você é feliz com a vida que leva? Para responder a essa pergunta talvez seja necessário se perguntar o que é vida. Não sabe definir? É melhor começar pensar nesse assunto. Uma conta simples me faz ver que, 50% de nossas vidas são gastas no trabalho. Os outros 50% são gastos em que? Se por acaso escolhermos mal esse trabalho, significa dizer que jogamos metade de nossas vidas no lixo. Lembre-se, uma má escolha pode e tende afetar a outra metade. Um antigo ditado chinês nos diz que: se escolhermos um trabalho que amamos, jamais trabalharemos um único dia de nossas vidas.

Quem sabe, seja necessário um minuto para você pensar. Mas, não se demore, porque esse minuto pode se transformar em dezenas de anos e ainda assim não terá encontrado uma definição. Nesse caso cabe uma pergunta: se você ainda não definiu o que é vida, como então está vivendo a sua? Você não quer ser um “daqueles” que chega ao fim da vida e fica se questionando se fez as escolhas certas. Tampouco, imagino que queira chegar a um ponto de sua caminhada e olhar para trás e descobrir que somente tem o vazio por companhia. 

A grande maioria das pessoas acredita que terão tempo para consertar as coisas; elas se imaginam donas do próprio destino. A palavra destino significa: a fatalidade a que estariam sujeitas todas as pessoas e todas as coisas do mundo. Lendo isso, as duvidas se avolumam, porque, destino e tempo me parecem coisas das quais não se tem controle algum? Ou não?

Por que é tão difícil definir o que é a vida? Afinal, ela não esta presente em tudo que fazemos? Talvez, seja exatamente, nesse ponto que esteja guardada a resposta. O que fazemos e por que o fazemos. Definir o que se quer fazer, me parece o primeiro passo de uma longa jornada. Parece simples, não é! Então porque não somos felizes e completos? 

Eu tenho um amigo que vive dizendo: Não vejo a hora de chegar ao fim do mês. No inicio eu perguntava o porquê, ele me respondia: Eu tenho certeza que o próximo mês será melhor que este. Mas, que certeza era essa, se todo mês ele dizia a mesma coisa. Talvez ele estivesse esperando que fosse criado um mês novo. 

Esperando? Eis uma palavra que merece ser analisada. Segundo o dicionário, esperar significa: ficar em algum lugar até que chegue alguém ou alguma coisa que se tem como certa ou provável; aguardar. Quando alguém diz estou “esperando” eu entendo como uma expectativa que pode ou não se concretizar. A sensação que tenho é a de que a pessoa nada faz para as coisas acontecerem, parece alguém largado ao vento e ao sabor de sua vontade. Se este não for seu caso e se você tem controle sobre sua vida, não deve se preocupar. 

Esse assunto é complexo e infindo. Alguém um dia disse: Quando achava que sabia tudo, a vida veio e me impôs novas perguntas. A vida tem suas próprias regras, a relação custo x benefício não é balanceada, ora se tem mais de um e menos de outro. Não existe continuidade, nunca é como se quer ou se espera, na verdade é uma caixa de pandora. 

Um velho amigo, o saudoso Samuel Martins Barbosa, professor de filosofia na faculdade FMU, costumava citar que certa vez um italiano discutindo filosofia com ele, resumiu sua crença da seguinte maneira: A filosofia é como o sal, ou seja, “La vita con sale o senza sale e tali e quali” (a vida com sal ou sem sal é tal e qual). Na visão desse italiano a vida não precisa de filosofia nem tampouco de questionamentos, apenas precisa ser vivida. Então por que não agimos assim? 

As conquistas, a riqueza e o poder sempre foram às molas propulsoras de nossa essência. Queremos tudo isso e se possível sem limite. Para que? Dificilmente alguém responderá essa questão a contento. A maioria das pessoas vive em um mundo, próprio, com regras e leis estabelecidas a contento de seus desejos e necessidades. Outras passam pela vida se dedicando a família, sacrificam-se até o ponto de viver a vida do outro e não a sua própria vida. Existem aqueles que a vida lhes parece uma pista de corrida, agem desenfreados de propósito e seguem assim sem vê-la passar. Inúmeros são os tipos de pessoas que veem a vida sob um ângulo especifico, talvez assim deva ser, mas quem tem certeza de alguma coisa?

Para mim a vida é um composto de inquietude e esperança. Hoje vivo cada dia com o que ele me dá e não mais com aquilo que sonho, porque sei que isso de nada adianta. A vida pode ser cínica pode ser uma mãe afetuosa ou uma meretriz, a única certeza que tenho, seja ela como for, ela estará presente em mim, goste disso ou não. O que importa tudo isso! Afinal, defini-la ou não, me fará mais feliz? Porquanto me despeço nesse pensamento com uma velha poesia que escrevi há muito tempo atrás, intitulada DIGNIDADE: Uma lágrima escorre lenta, quieta, procura seu caminho entre rugas de uma vida vivida, ou sonhada em muitas pensadas. 
Da fonte nascida lágrima, amarga a saudade que a fez criar, parando aqui ou acolá, cobre vasta vergonha do pouco que vive.
Se implora ou teme a morte, o tempo a combate, distante parece seu fim, mas anos se passam nos instantes que a somam.
Numa vida verdadeira, dividida, senão perdida em muitas desmentidas.

Viver é ainda o “grande barato” se a definimos ou não pouco importa, o que precisa ser definido é o uso que se faz da vida. Viva e deixe viver!

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