Por que o mercado de trabalho mata profissionalmente as pessoas por volta dos 40 anos? Parece uma frase jogada no espaço, sem sentido, sem amparo lógico; mas na realidade é assim que acontece. Você já ouviu falar de alguma empresa que abra processo para estagiários acima dos 40 anos? O estagio por princípio refere-se aos jovens que estão galgando o primeiro emprego, não é! Uma pessoa aos 40 anos não poderia estar começando em uma nova carreira? Muitos dirão que se trata de uma situação inusitada complexa que envolve muitas variáveis, todavia essa é uma maneira clássica de focar a questão. Sugiro uma nova visão sobre o problema!

A ciência através de sucessivos avanços tem possibilitado ao homem uma maior longevidade, pesquisas apontam para um alto índice de insatisfação nas carreiras, o tempo gasto na formação acadêmica cresceu substancialmente (faculdade, pós-graduação, MBA, mestrado, doutor, pós-doc). Pergunto novamente! Por que não podemos recomeçar em uma nova carreira? Se formos comparar um jovem na faixa de 18 anos a uma pessoa de 40 anos, qual dos dois traria maior benefício para empresa?

Há alguns anos atrás eu dirigia uma metalúrgica no interior paulista e estava à procura de um gerente de produção. Depois de anunciar nos principais jornais obtive uma enorme quantidade de currículos; feita a devida triagem contratei um profissional que estava na faixa dos 50 anos. Vocês não tem ideia da reação do dono dessa empresa, quase fui colocado no “pelourinho”. Como você contrata gente velha para minha empresa! Que idade tem o senhor, perguntei? Eu tenho cinquenta, respondeu ele. Devo então concluir que o senhor já está muito velho para dirigir a empresa? Lógico que não! A empresa é minha! Não me dei por vencido! Nossa empresa trabalha com atletas retruquei! Nossa empresa participa de corridas? Nossa empresa necessita de pessoas musculosas? Pois bem! Precisamos de pessoas capazes de comandar e alcançar objetivos, na verdade preciso tão somente do cérebro deles e até onde li o cérebro mantendo a devida atividade envelhece numa proporção bem diferente do corpo.

Essa história lhes parece ficção cientifica? Não! Ela ocorre todos os dias e em todas as partes. Quando eu era criança eu li uma ficção, (não me lembro do titulo nem o autor), que dizia que a certa idade as pessoas seriam mortas de modo a manter o equilíbrio populacional, isso se dava em função da escassez de alimentos e espaço. Graças a Deus essa lei ainda não existe. Será que não?

Quando a globalização, a tecnologia, os meios de comunicação e as ciências como um todo criam e facilitam o alcance de tudo que você possa sonhar, significa dizer – Você pode sonhar que nós tornaremos isso possível - Criamos um mundo no qual podemos sonhar com o impossível, mas não podemos conviver com novas regras. O que vemos na prática é: nossa empresa é de alta tecnologia, porém sua conduta é baseada nos valores e cultura de seus fundadores.

O que dizer então da chegada dessa geração chamada de “Y” que foi concebida dentro dos preceitos mais sofisticados da tecnologia, onde o tempo nada mais é do que um simples “teclar”. Antigamente um gerente era formado a luz de muitos anos de trabalho e muitas horas de tentativas e erros que acabavam por moldar seu saber. Hoje vemos “meninos” que mal acabam de pegar seu MBA e já saem comandando, processos, pessoas e empresas em busca de resultados quase “instantâneos”. Não estou querendo aqui colocar os mais jovens na berlinda e taxá-los ou mesmo rotulá-los de incompetentes, apenas baseado em minha própria vida, hoje vejo as coisas com maior clareza, levei décadas para começar a “engatinhar” nesse sentido, por mais tecnologia que se tenha, por mais informação que se dê a alguém o tempo de maturação é primordial.

Gostaria de salientar que em momento algum coloco o empresário como um “demônio”, muito pelo contrário luto a favor dele, minha proposição foi estabelecer um paralelo que mostrasse o fosso existente entre o grupo gestor e o grupo operacional. Há muito que as empresas deveriam abandonar jargões e entregar-se a tarefa de entender seus colaboradores diretos. O processo participativo propalado em verso e prosa pela maioria das empresas em minha opinião não passa de mera eloquência. Milhões são gastos em tecnologias e estrutura e pouco ou quase nada no aprimoramento do potencial humano.

Quando digo isso não me refiro unicamente ao treinamento, mas primordialmente ao “entendimento” do fator humano, onde se deveria levar em conta itens como, sonhos, objetivos, potencial, criatividade, capacidade de arriscar-se e tudo mais que compõe a essência humana, assim como faz quando cria estratégias para atender o mercado, ou quando criar um produto enfim as empresas buscam de modo racional criar “modos operandi” para tudo. Por que não para o elemento humano? Alguém dirá! A empresa não é divã psiquiátrico. Hora bolas! Se eu lido com seres humanos não posso me furtar de procurar entendê-los assim como faço com uma nova maquina recém-adquirida, onde somente poderei extrair todo seu potencial a partir da boa leitura de seu manual e das horas de funcionamento e aprendizado.

Vejo as empresas como qualquer comunidade que congrega pessoas, por isso ela está sujeita a ter em seu seio conflitos sociais; que são correntes distintas de pensamentos sempre em pleno confronto, isso se dá em virtude de que pessoas veem e sentem de forma distinta. As empresas são basicamente formadas por feudos, seja ele departamental ou de subgrupos dentro de grupos maiores. Seja como for a tensão social e a luta pelo poder são enormes, justificada essa posição permite-nos ver o grande desvio de energia desperdiçada nesse cotidiano; temos por discernimento a obrigatoriedade de estancar essa sangria. No meu entender isso somente será alcançado com o melhor uso e entendimento do fator humano.

As empresas são formadas, como já disse, por inúmeras correntes de pensamentos. Tenho por crença que elas confundem TECNOLOGIA com a capacidade de raciocínio. Explicando melhor; a tecnologia é um aparato (ferramental) colocado à disposição das pessoas para facilitar as rotinas de trabalho o pleno domínio dessa tecnologia não significa necessariamente um aprimoramento da inteligência humana. É bem verdade que os mais jovens já nascem inseridos dentro desse conjunto tecnológico. Desde pequenos recebem computadores, Ipod, Ifone e toda sorte de tralhas eletrônicas, fazemos isso porque julgamos importante oferecer a eles as mais variadas ferramentas possíveis, criamos nossos filhos aparelhados com tudo que seja racional de modo que possam, um dia lá na frente, ter o necessário para entrarem no mercado de trabalho. Erroneamente e por fascínio achamos nossos filhos o máximo, quando operam esses instrumentos.

Deveríamos na mesma proporção nos preocupar um pouco mais com outros valores.
Empresas pequenas tem andado na contramão desses “modismos”, por exemplo, eu vi uma pequena empresa contratar seus motoristas para transporte somente pessoas acima dos 45 anos de idade. O resultado foi imediato o número de acidentes e as idas a oficina caiu drasticamente. Alguns supermercados também investiram nisso e os resultados foram ótimos além de um tratamento diferenciado os caixas passavam confiança e com isso aumentou a fidelização do cliente. Menor número de faltas, maior comprometimento, mais responsabilidade e maior apego ao trabalho são características observadas nesse grupo de pessoas mais experientes. Com o aumento da expectativa de vida hoje convivemos com a primeira geração que chega a essa idade em perfeitas condições físicas e intelectuais, por isso aposto numa guinada nessa visão dos empresários. Porém acredito que isso vá demorar mais alguns anos em virtude de minha crença de que o brasileiro ainda é “macaquinho” que pula perante as bananas oferecidas por outros povos.

Compramos muita bobagem em termos de administração, visão de futuro, métodos de gerenciamento e toda sorte de “cretinices” dos gurus que aqui desembarcam via livros, vídeos ou palestras. Gigantes do setor automobilístico, eletrônico financeiro dentre outros quebraram ou ficaram em via de fato. O Brasil tem sua própria maneira de fazer as coisas e ao que tudo indica vem funcionando, a crise mundial pegou os grandes barões da excelência. Por aqui ainda respiramos com certa folga. Deveríamos sim, enaltecer nossos conhecimentos e exportá-los e não ficar atado a essa mediocridade importada de grandes grupos. O mercado é formado por pessoas e não maquinas somente os anos ensinam e não os softwares. Não sou contra de forma alguma que os jovens tomem nosso lugar, penso que é uma ordem natural da vida, porém o que se vê é um desmonte desmedido da própria história das empresas sendo jogado ao lixo.

Para apoiar meu pensamento gostaria de citar aquela célebre frase: o tempo é o senhor da razão, pois bem o tempo desde o inicio do mundo tem sido o grande professor seja em que área for do conhecimento, somente ele é capaz de dar ao homem não somente o esclarecimento como também propícia a maturação para refutar ou não aquilo que aprende.

Muitas vezes somos conduzidos para novos paradigmas que acabam por submeter nossa visão a novos confrontos ideológicos de tal maneira que podem ate derrubar nossas crenças. Hora, isso é salutar do ponto de vista crescimento não vejo, (perdoe-me os leitores pode até se tratar de um caso de ignorância de minha parte), outra forma de lapidar um diamante. A nova geração deve ser sim posta na posição de comando, deve ser ouvida, porém ela deve interagir com os seus antecessores, não se pode despejar num ralo toda a essência construída por conta de uma visão distorcida e cambaleante de propósitos. As empresas ao que parece deixaram-se cegar por esse “imediatismo” tal como essa geração “Y” que vê o mundo através de teclas, as empresas que pensam apenas no lucro crescente e imediato não pararam para pensar que também poderão se tornar vitimas dessa geração quer delas a mesma coisa e quando não lhes for mais conveniente às deixarão sem qualquer aviso ou respeito. Vitima e vitimado!

Aviso! Não crio verdades, esse texto é apenas um ponto de vista que pode ou não servir para alguma coisa. Meu intuito é o de tirar o leitor da zona de conforto e dar-lhe algo para refletir, apenas isso...

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