Das muitas definições que tenho visto a mais comum é a de que: cultura empresarial consiste em crenças, histórias, ritos, lideranças, hierarquia e muitos outros itens. Outros definem como sendo um conjunto de valores partilhados por todos e que traçam o comportamento gerando as atitudes. Seja como for e que definição tiver, gosto de pensar que cultura no meu entender e aproveitando o texto de meu velho amigo Daniel Macedo que afirma: A cultura não é qualquer coisa depositada na cabeça, sim algo que vive na vida; não é acumulo de conhecimentos, sim aplicação de experiência e educação, de associação de viagens para exalçar à sensibilidade, aprofundar a significação e reduzir os atritos da vida, é a marcha do conhecimento para a compreensão. Não é necessário cultura para levar-nos a uma atitude de cortesia e atenção para com os ricos ou os mimados da beleza e da fama.

Onde a verdadeira cultura se mostra é na maneira de tratarmos os pequenos, os fracos, os "desprezíveis", os de espírito humilde. Não pode ser considerado culto quem não trata a todas as criaturas, sem uma só exceção, com o mais profundo interesse humano. Quando vejo pessoas dizendo: a cultura de nossa empresa é assim ou assado, eu fico me perguntando de quem é essa cultura mesmo? Seria da empresa ou dele?

Sempre gostei de filosofia, mas gosto dela na medida em que me cria uma oportunidade de refletir. Sinto na filosofia uma forma de saber que não estou sozinho nesse mundo de vastas perguntas. Descubro a cada leitura que o mundo gira sempre em torno de uma busca infindável de razões para seguirmos adiante. Muito se diz sobre isto ou aquilo e na verdade me pergunto aonde se vai chegar com este ou aquele caminho. Já presenciei infindáveis embates sobre VERDADES e vi os homens se desgastarem na defesa de seus pontos de vista. Vi no fervor da BATALHA esses mesmos homens, ora amáveis, terminarem por expelir ódio por todos os poros e nesse momento eu perguntava: Qual é a razão disso! Será vaidade? Será ignorância?

Os homens sempre disputaram a supremacia das coisas, sejam elas materiais ou não. Seguindo adiante vi muitos deles pobres pais de família, pobres de exemplos, pobres de alma enfim. Mas como eu poderia atribuir tais valores a eles! Como eu em minha infinita insignificância poderia estabelecer padrões para taxá-los disto ou daquilo! Pois é! Eu também me perdi nos julgamentos e atribui a eles o peso de minhas crenças. Penso que isso é nato nos homens, parece-me que sentimos algum prazer em estabelecer julgamentos, e infelizmente eu não estou isento de tais erros. Novamente cometo um julgamento à medida que afirmo ser isto um erro. O que eu defendo é uma sociedade de livre pensamento “sem os julgamentos”, não pretendo universalizar o CERTO ou ERRADO, sonho com os homens capazes de refletir numa extensão maior do que os próprios umbigos. A sociedade contempla todos e não apenas os sábios, daí a dificuldade de desenvolver uma comunicação mais ampliada, caso contrário iremos nos reduzir a guetos.

Acredito que a cultura empresarial precisa ver isso com a distinção que merece, senão estará ela mergulhada no fosso do individualismo. A compreensão do papel social e do cultivo dos valores definirá não somente a trajetória da empresa como irá influir fortemente na atuação de seus colaboradores, fazendo-os alinharem-se automaticamente aos seus ideais. Por essência as empresas visam o lucro e dele acabam por beneficiar a estrutura como um todo, obviamente por sabê-lo não contesto essa premissa, abjugo tão somente da fria missão de buscar o lucro introduzindo a defesa de valores a fim de humanizar o processo permitindo-lhe estar mais próximo do anseio social.
Não crio verdades, mas sim pontos de vista a fim de gerar desconforto no leitor, permitindo a ele extrair elementos para sua análise.

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