Analistas do mundo todo falam do esgotamento dos modelos utilizados. EUA e muitos países da Europa não conseguem criar empregos para manter a população ocupada e com renda. Por consequência, os mais velhos, os mais jovens e as minorias étnicas são postas para fora do sistema. Nos EUA, somando-se os que não encontram emprego e os que desistiram de procurá-lo, são 23 milhões de pessoas. É muita gente! Grécia, Espanha e Portugal estão vivendo uma situação ainda pior. E o Brasil?

No Brasil usamos palavras diferentes para disfarçar o nosso desconforto, somos especialistas em lidar com o sofrimento e nos alimentar de esperanças. “Navegar não é preciso, mas nos confortar é preciso”. Nossos índices de desemprego são baixos porque a pesquisa que apura o desemprego considera desempregado aquele que está procurando emprego e não considera desempregado o sujeito que está fora do sistema. O contingente de brasileiros fora do sistema é grande, alcança 1/3 da população. Se descontarmos os idosos acima de 65 anos, as crianças e jovens abaixo de 16 anos, os incapacitados e os doentes, temos 20% de pessoas em condições de trabalho fora do sistema, além dos 6% de desempregados mencionados nos índices. A conta toda é de aproximadamente 30 milhões de pessoas. Sete milhões a mais que nos EUA, que tem 300 milhões de habitantes contra 200 milhões no Brasil. Além disto, não temos um seguro desemprego como o deles.

A diferença a nosso favor, nosso lenitivo, é que muitos brasileiros estão acostumados a viver fora do sistema de renda há muito tempo. Vive-se com o sogro, com o cunhado, com a irmã, com o compadre, de favor na pensão, acomodado na obra, no barraco da obra, nas instituições de caridade e na rua. Os que vivem na rua e nos escandalizam é uma minoria. A família brasileira sempre acolheu os seus, pois não havia outro jeito! Nos países onde a maioria foi incorporada ao sistema de emprego e renda e tem o seguro desemprego, várias gerações não precisaram praticar a mesma tolerância e solidariedade. Agora terão que reaprender.

Outra diferença é que depois de se acostumarem com um nível de vida melhor, as pessoas não se acomodam mais e reagem. Se os EUA não conseguirem uma solução, Wall Street será invadida pelos que ficaram fora do sistema. Não acredito que Portugal e Espanha reajam da mesma forma. Se surgir algum modelo novo, será nos EUA. Este é o meu palpite. Se eles conseguirem dar um jeitinho, meia boca, os modelos ainda permanecerão do mesmo jeito por algum tempo.

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